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Angola

8 em cada 10 matadouros de Luanda não têm condições sanitárias e não controlam origem dos animais

Equipa da segurança alimentar da ANIESA preocupada com o mercado do Km 30

As actividades inspectivas da Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA), realizadas este mês, permitiram detectar que 80% dos matadouros de Luanda funcionam sem condições de higiene e segurança, ou seja, violam o Decreto-Lei 267/20 de 16 de Outubro, "porque não se encontram aptos a garantir a qualidade e a sanidade do produto de origem animal que está ser comercializado".

A responsável do departamento de Segurança Alimentar da ANIESA, Niúrka Sanca, revelou ao Expansão que as inspecções realizadas nos matadouros pequenos, médios e industriais de Luanda mostrou que 8 em cada 10 locais de abate de animais não possuem condições de higiene e segurança. As piores condições foram encontradas no matadouro do Rocha Pinto que os inspectores tiveram de encerrar.

"Estamos preocupados com todos esses matadouros, mas em particular com o do mercado do Km 30 por não possuir as condições exigidas e ser o maior mercado abastecedor de carne para Luanda", referiu.

A responsável pela área mais sensível da ANIESA denuncia também que, na maioria dos matadouros inspeccionados, "não há médicos veterinários para observarem as operações de abate, e poucos conseguiram exibir o guia de trânsito animal", o que quer dizer que estão a ser negligenciadas a origem dos animais e respectiva certificação de vacinação e outras condições sanitárias.

A Autoridade Nacional deu por isso um período de 60 dias para que os matadouros inspecionados implementem medidas sanitárias "sob pena de serem encerrados", assegura Niúrka Sanca, que enuncia onde é que os responsáveis dos matadouros já inspecionados devem intervir: "na preservação de condições de higiene na área de trabalho, através da utilização pelos operadores de equipamentos de protecção individual, desde os protectores auriculares, luvas e óculos especiais, ter abundância de água potável, condições de tratamento de águas residuais e lavatórios de mãos", para além de "casas de banho devidamente equipadas e ausência de animais domésticos nos locais".

Ao nível do abate, propriamente dito, há também aspectos que os locais que a ANIESA passou a "pente fino" vão ter que mudar, nomeadamente com a "instalação de espaços para descanso e jejum hídrico dos animais, banho do gado antes do abate, rigor no tipo de esfola e adequação de local especializado para o acondicionamento do produto final" disse ao Expansão a inspectora Niúrka Sanca.

Importações de carne na ordem das 450 mil toneladas/ano

Dados apontam que a importação anual de carne no País está avaliada em 450 mil toneladas de carne por ano.

Apesar disso, fala-se também no surgimento de um êxodo de criadores de animais para abate, onde as províncias do Cunene, Huíla, Namibe e Cuanza-Norte são os maiores fornecedores de gado para os mercados da capital, o que terá levado ao surgimento de um considerável número de matadouros à revelia.

No cumprimento do Decreto-Lei 267/20 de 16 de Outubro, que protege a Segurança Alimentar, a ANIESA prevê prosseguir, em Setembro, com as próximas inspecções aos matadouros dos Ramiros, Panguila e Bita também com objectivo de avaliar as condições físicas, sanitárias, de higiene e segurança dos locais de abate de animais, garantiu Niúrka Sanca, que falava no decurso do seminário sobre a toxicidade dos produtos químicos e alimentares, iniciativa que reúne inspectores e a classe de operadores industriais, agentes comerciais, hoteleiros e restauração.

A acção formativa encerra esta quinta-feira com um "briefing" dirigido aos detentores de depósitos de medicamentos, farmácias e cosméticos.

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