Os preços de alguns produtos alimentares mais consumidos pelas famílias aumentaram 20% nos mercados formais em Abril em relação ao mesmo período do ano passado. Já nos mercados informais, os preços cresceram 3%, segundo a comparação dos preços de bens alimentares seleccionados pelo Expansão nas principais praças e hipermercados da capital do País.

Estes cabazes consistem em 18 produtos, cujos preços foram recolhidos nos mercados informais do Catinton e Asa branca, e em 11 produtos nos hipermercados Kero, Candando e Maxi (ver tabelas).

A diferença entre o crescimento verificado no mercado formal e informal tem também a ver com o tipo de produtos analisados em cada um deles, mas reflectem o ajustamento que tem havido nos preços nos principais mercados informais da capital em produtos como o açúcar, massa, ovos, sal ou feijão.

Já do lado dos supermercados, a tendência de subida é muito mais acentuada, porque resulta do tipo de oferta disponível, maioritariamente bens importados, e da passagem para os consumidores da pressão que sentem no acesso a divisas. Nalguns casos, pode falar-se em especulação comercial, com preços desajustados da realidade, tendo em atenção que o custo de aquisição nos mercados internacionais se mantém estável.

Ainda segundo apurou o Expansão, no mercado formal, onde se registou a maior variação, com um acréscimo de 7.745 Kz no cabaz seleccionado, destacam-se o frango congelado com a maior subida (51%) e o arroz (28%). Já o açúcar e o sal viram os preços baixar.

Diferente do mercado formal, que continua a registar subidas acentuadas, no informal os preços têm-se mantido mais estáveis, com tendência decrescente desde o fim da quadra festiva. Apesar de ter registado uma subida homóloga de 3%, durante a ronda do Expansão foi possível notar descidas nos preços na maioria dos produtos provenientes do campo, sinal de que haverá mais oferta.

É ainda importante realçar que, mesmo tendo-se registado apenas um crescimento homólogo ligeiro nos preços do mercado informal, muitos dos produtos não sofreram alterações nos preços, mas têm as quantidades e porções mais reduzidas. Alimentos como a batata rena e a batata doce, por exemplo, que nestes mercados não possui uma medida fixa, ou outros que não fazem parte do cabaz do Expansão, como o tomate, a cebola, alho, geralmente são alvos deste tipo de fenómeno.

Constatou-se ainda, numa das lojas que comercializa produtos congelados, no mercado do Catinton, que acabou por adoptar o conhecido regime de sócia na venda da caixa de peixe carapau. A caixa de 20 Kg, que custa 42.000 Kz, por exemplo, o estabelecimento já comercializa em porções de 5 Kg, a 10.500 Kz, fenómeno desencadeado pela recorrência desta prática por parte dos clientes.

Além disso, tem-se constatado no seio de muitas famílias de baixa renda uma maior preferência pelo consumo de peixe comprado directamente da mão dos pescadores nas praias (como a famosa praia da Mabunda), por serem mais acessíveis ao bolso, apesar de não possuírem muitas vezes as condições adequadas para conservação e comercialização e representarem um risco para a saúde, principalmente quando adquiridos para consumo a médio prazo.

Importa também referir que, no final de Fevereiro, o Governo Provincial de Luanda encerrou o mercado da Mabunda para trabalhos de limpeza no âmbito do combate à cólera, o que causou a subida dos preços do peixe nos locais de comercialização de pescado na capital.

Por outro lado, se comparados os preços entre Dezembro de 2024 e Abril do corrente ano, verifica-se um aumento médio de 6% nos preços do mercado formal, com subidas em produtos como o leite Nido e o açúcar. Já no lado dos informais, verificou- -se uma redução de 3%.