Angola entre os piores países na relação entre dívida e riqueza
Angola está entre os cinco países do mundo onde o custo dos juros da dívida pública representa a maior fatia face ao Rendimento Nacional Bruto (RNB), segundo o Relatório da Dívida Internacional, do Banco Mundial, que inclui também Moçambique neste grupo.
"Os cinco países que registaram os pagamentos de juros mais altos face ao Rendimento Nacional Bruto [valor que mede a soma dos rendimentos de cada pessoa num país] foram Moçambique, Mongólia, Angola, Senegal e o Líbano", lê- -se no relatório do banco Mundial sobre a evolução da dívida pública a nível mundial.
De acordo com o Banco Mundial, no ano passado Angola tinha o 10.º rácio mais elevado dos juros face às exportações e o quarto rácio mais elevado dos juros face ao RNB. Em 2013, o País ocupava a 10.ª posição na lista dos países com o rácio de pagamentos de juros sobre as exportações mais elevado, e era o terceiro pior país a nível mundial na relação entre o montante de juros e o RNB.
O documento aponta também que "os cinco países que registaram os maiores pagamentos de juros da dívida externa face às receitas das exportações em 2024 foram Moçambique, Senegal, Mongólia, Egito e Colômbia". No Relatório da Dívida Internacional, divulgado em Washington, o Banco Mundial alerta que "os países em desenvolvimento pagaram 741 mil milhões USD a mais em dívida e juros da dívida externa do que receberam em novos financiamentos entre 2022 e 2024", o que representa "a maior lacuna em pelo menos 50 anos".
Os peritos do Banco Mundial traçam um cenário cauteloso sobre a evolução das condições do mercado financeiro internacional, que tem levado vários países a emitirem nova dívida este ano, como aconteceu em Angola, apesar dos juros rondarem os 10%, sensivelmente o dobro da média cobrada aos países emergentes antes da pandemia.
"As condições financeiras globais podem estar a melhorar, mas os países em desenvolvimento não se devem iludir: não estão fora de perigo", afirma o economista-chefe do Grupo Banco Mundial e vice-presidente sénior de Economia do Desenvolvimento, Indermit Gill, citado no relatório.
No ano passado, a dívida externa dos países de médio e baixo rendimento atingiu o recorde de 8,9 biliões USD, sendo 1,2 biliões USD devidos pelos 78 países elegíveis para empréstimos da Associação Internacional de Desenvolvimento do Banco Mundial, com os juros sobre a dívida emitida em 2024 a registar o valor mais alto dos últimos 24 anos.
"No total, esses países desembolsaram o valor recorde de 415 mil milhões de dólares apenas em juros, recursos que poderiam ter sido destinados à educação, à atenção primária à saúde e a infraestruturas essenciais", salientam os autores do relatório, concluindo que só os bancos multilaterais de desenvolvimento conseguem garantir financiamento barato.
*Com agências











