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Angola

Angola possui equilíbrio entre produção e importação de alimentos

Relatório

Segundo o relatório, tendo por base os resultados relativos à procura e à oferta, Angola encontra-se entre as quatros nações de África a sul do Sara com maior sustentabilidade alimentar.

 

Angola está em terceiro lugar entre os países da África Subsariana relativamente à susntentabilidade alimentar, segundo um estudo desenvolvido pela consultora Accenture, apresentado recentemente em Luanda.

O relatório "Potenciar o Desenvolvimento Económico da África Subsariana Através da Sustentabilidade Alimentar" refere na sua análise a 43 países e, tendo por base os resultados relativos à procura e a oferta, o País situa-se entre as quatros nações da África a Sul do Saara com maior sustentabilidade alimentar.

O documento aborda a procura e a oferta de alimentos, considerando como indicadores o número de pessoas subnutridas, o índice de urbanização, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e avalia as calorias disponíveis por pessoa, a capacidade de produção e os rendimentos da exploração. No topo da tabela encontra- -se a África do Sul, seguido do Gabão, Angola e na quarta posição surge a Nigéria.

O estudo revela que estes países apresentam uma boa sustentabilidade alimentar, caracterizada por uma elevada capacidade de fornecer à sua população as calorias diárias necessárias por intermédio de um bom equilíbrio da capacidade de produção local e fortes acordos comerciais para importar alimentos aquando das deficiências.

Com uma sustentabilidade alimentar moderada surgem países como o Botswana, Ilhas Maurícias, Djibuti, Cabo Verde, Swazilândia, Namíbia, Camarões, Gana, Malawi, Togo, Serra Leoa, Mali, Quénia, Níger, Costa do Marfim, entre outros. No pólo oposto, e com classificações mais baixas, estão Moçambique, Comores, Eritreia, Burundi, Etiópia, Uganda, Ruanda e Guiné-Bissau.

A maioria desses países possui mais de 50% da sua população subnutrida, segundo a Accenture. Por exemplo, enquanto o Quénia apresenta um potencial significativo para garantir a sustentabilidade alimentar através da produção, as restrições de violência política e de comércio têm prejudicado a indústria local.

O texto nota ainda que a discussão da sustentabilidade alimentar é global, mas assume particular relevância na África Subsariana, onde habitam um terço das pessoas consideradas subnutridas em todo o mundo. A solução, de acordo com observações da Accenture, passa pela agricultura, mas no entanto, as micro e pequenas explorações agrícolas não estão a contribuir de forma significativa para resolver o problema.

Factores que condicional a segurança alimentar O estudo revelou igualmente que existem seis factores que condicionam a auto-suficiência alimentar na África Subsariana. O primeiro tem que ver com a crescente procura de alimentos que resulta do crescimento da população.

O aumento do índice de urbanização e da alteração das dietas à medida que o rendimento das famílias vai aumentando, a baixa produção de bens alimentares, que não tem acompanhado as de outras regiões em vias de desenvolvimento, são outros factores que condicionam auto-suficiência alimentar.

Por outro lado, a volatilidade dos preços, na medida em que, tendencialmente, têm conduzido ao aumento dos custos dos produtos alimentares, as infra-estruturas que limitam o acesso aos mercados e ao seu funcionamento regular, fazem igualmente parte desses factores.

Mais pessoas subnutridas até metade do século

As alterações climáticas, uma vez que na segunda metade deste século poderão contribuir para um incremento de entre 17 a 50 milhões de pessoas subnutridas na África Subsariana e a instabilidade política, pois os conflitos internos nalguns países acabam por condicionar o acesso aos bens alimentares e a sua distribuição, estão também entre os vários itens que condicionam a auto-suficiência alimentar na região.

O estudo em análise aborda o percurso da China e do Brasil que podem servir de exemplo para ajudar a África Subsariana a ultrapassar as suas dificuldades no que concerne à disponibilidade de alimentos para a sua população. No caso da China, avança o estudo, a diversificação e maior eficiência da produção dos pequenos produtores conduziu a uma maior capacidade de fornecimento de bens alimentares a uma população em crescimento.

Segundo o relatório, esta evolução decorre da adequada formação dos micro e pequenos agricultores, no sentido de produzirem os produtos mais procurados no mercado. Este ajustamento, lê-se no texto, fez toda a diferença na satisfação das necessidades dos consumidores. Entretanto, o Brasil adoptou uma estratégia diferente, de acordo com a Accenture. Criou, em 1973, uma empresa pública vocacionada ao fomento da agricultura.

Esta entidade foi a responsável pela transformação de enormes área baldias, em extensões agrícolas de produção diversificada, que são actualmente responsáveis por mais de 70% da produção agrícola do país. Ao contrário da China, a aposta brasileira foi no sentido da produção em grande escala, com manifestos benefícios para o sector agrícola nacional e a sustentabilidade alimentar.

Plano Nacional de Desenvolvimento

No seguimento da apresentação do estudo, o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Afonso Pedro Canga, assinalou que no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017 constam as políticas, estratégias, os programas e os instrumentos para a execução das políticas no domínio da agricultura e de um modo geral no domínio alimentar e do desenvolvimento do País.

Para o governante, Angola deve construir o seu modelo de actuação em relação à agricultura e segurança alimentar. "Os demais modelos são experiências que devem ser seguidas e adaptadas à realidade angolana e africana e ao nosso contexto, mas devemos apostar num plano que vá de encontro com a nossa realidade e anseios", considerou Afonso Pedro Canga.

Adiantou que Angola deve seguir um modelo híbrido, em que seja necessário desenvolver a agricultura familiar, que representa cerca de 80% da produção nacional e 87% das terras cultivadas nesta altura no País. Ao mesmo tempo, acentuou, é necessário desenvolver a agricultura empresarial de média e grande escala para fazer face às necessidades do mercado, a fim de equilibrar as importações e perspectivar igualmente as exportações para a diversificação da economia nacional.

Em relação ao desenvolvimento da agricultura africana, igualmente abordada no estudo da Accenture, o ministro frisou que o texto contém elementos essenciais que podem ser considerados em Angola e nos programas do País, designadamente em relação ao crédito, seguro, segurança da terra, estabilidade, geração do conhecimento e no que toca à gestão dos mercados. "Pelos nossos esforços, acredito que até 2017 possamos atingir a segurança alimentar e nutricional de forma sustentada em Angola", garantiu.

No que toca ao terceiro lugar da classificação da Accenture em matéria de segurança alimentar na África Subsariana, Pedro Canga notou que o facto é resultado de uma política e visão acertada fruto de um trabalho que o País vem desenvolvendo a fim de aumentar os níveis de produção e assegurar que os alimentos possam chegar em quantidades e qualidades adequadas aos necessitados.

No entanto, o managing director da Accenture, responsável pela área de Consultoria de Gestão em Angola, Paulo Dinis, referiu que os modelos seguidos pelo Brasil e pela República da China são diferenciados mas permitiram atingir os objectivos preconizados de acordo com a realidade do País e assim desenvolver a sua agricultura.

"Ambos geraram importantes benefícios para os respectivos sectores agrícolas nacionais e para a sustentabilidade alimentar. Enquanto na China a diversificação e a maior eficiência da produção foram conseguidas através da formação, associação e introdução dos micro e pequenos produtores no sistema, no Brasil foi criada uma empresa pública que converteu as áreas baldias em extensões agrícolas de produção diversificada", recordou Paulo Dinis.

Pontualizou que cada país deve avaliar o modelo que mais eficazmente satisfaz as necessidades dos seus consumidores, tendo em conta as potencialidades do território e o seu sistema agrícola e climático.

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