Antigo gestor da Sonangol condenado por corrupção na Suíça
Continuam a não ser conhecidos os desenvolvimentos em Angola desta teia de interesses obscuros associados ao sector petrolífero.
A multinacional Trafigura, principal accionista da LAR - Lobito Atlantic Railway, concessionária que gere o transporte de carga no Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), foi considerada culpada, na sexta-feira, 31, na Suiça, pela prática de corrupção em Angola (entre 2009 e 2011). No mesmo processo também foi condenado o antigo PCA da Sonangol Distribuidora e da Sonagás, Paulo Gouveia Júnior.
O antigo futebolista e ex-presidente do Petro de Luanda foi penalizado com uma pena de 36 meses de prisão, parcialmente suspensa: deverá cumprir 14 meses de prisão efectiva, ficando os restantes 22 meses suspensos durante um período de dois anos. A empresa suíça terá de entregar às autoridades suíças mais de 145 milhões USD, o equivalente a 2% dos seus lucros totais em 2023, além de o pagamento de uma multa.
Gouveia, como era conhecido nos relvados do Girabola, foi condenado por ter recebido 5 milhões USD em subornos, tendo em contrapartida aprovado oito contratos de fretamento de navios e um contrato de abastecimento à Trafigura, que renderam à empresa suíça cerca de 145 milhões USD de lucro. No banco dos réus também se sentaram o antigo director de operações da Trafigura, o britânico Mike Wainwright - que se reformou no início de 2024 -, por corrupção activa de agentes públicos estrangeiros, um intermediário, que terá procedido aos pagamentos, Thierry Plojoux, de nacionalidade suíça e residente nos Emirados Árabes Unidos, além da própria Trafigura. Wainwright e Plojoux também foram condenados.
Em Angola, são desconhecidas iniciativas da Procuradoria- -Geral da República (PGR) no sentido de responsabilizar criminalmente o gestor angolano e outros eventuais envolvidos no seio do grupo Sonangol. De acordo com informações recolhidas pelo Expansão, Paulo Gouveia Júnior, que era próximo de Manuel Vicente, está actualmente radicado em Portugal.
A relação entre a Trafigura e as autoridades angolanas levanta questões éticas e de governação corporativa, já que a empresa, agora condenada como corruptora e principal beneficiária de práticas ilegais executadas em Angola, continua a consolidar a sua presença no País.