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Angola

Candando duplica projecto do Continente em Angola

Distribuição

Grupo detido a 100% por Isabel dos Santos avança com dez hipermercados até 2020, face aos cinco que estavam previstos na parceria com a Sonae, agora desfeita. Lojas e centro logístico vão criar 7.500 empregos.

O projecto de construção de dez hipermercados com a marca Candando duplica o que estava previsto na parceria entre Isabel dos Santos e o grupo português de retalho Sonae. Esta semana, a Contidis, detida a 100% pela empresária angolana, anunciou a construção de 10 lojas em cinco anos, que comparam com a intenção inicial de desenvolvimento de cinco grandes superfícies com a marca Continente.

O novo projecto, apresentado pelo CEO da Contidis - que substitui a Condis, detida pela Sonae (49%) e por Isabel dos Santos (51%) -, Miguel Osório, irá envolver um investimento de cerca de 400 milhões USD nas lojas e num centro logístico, quase quatro vezes mais que os 102,3 milhões USD previstos no contrato assinado com a ANIP e divulgado em 1 de Outubro de 2012.

O 'velho' projecto, recorde-se, que tinha igualmente uma componente logística e outra de apoio a produtores locais, foi posto em causa depois de, em Fevereiro deste ano, Isabel dos Santos ter contratado dois quadros de topo da Sonae, envolvidos na parceria - Miguel Osório, que agora lidera o novo projecto, e João Seara, cujas funções ainda não são conhecidas.

Na altura, a Sonae, liderada por Paulo Azevedo, não escondeu o desconforto e a irritação com a saída dos seus quadros, não excluindo a possibilidade de os processar judicialmente. Esta semana, na apresentação do Candando, Osório recusou comentar a alteração societária, mas confirmou que a empresária angolana é, agora, a "única accionista", não estando prevista a entrada de novos parceiros.

"Não é um um tema que se coloque", disse ao Expansão, garantindo que a meta é "fazer acontecer o projecto e abrir a primeira loja no início de 2016". A loja, que se irá situar no Shopping Avenida, em Talatona, Luanda, vai gerar cerca de 750 postos de trabalho.

Em 2020, quando as dez estiverem no terreno, o grupo terá criado cerca de 7.500 empregos, afirmou o gestor, explicando que, à medida que forem sendo abertas novas lojas, alguns funcionários das existentes ajudarão no processo de adaptação dos que entrarem nas novas. A primeira loja terá cerca de 10 mil metros quadrados de superfície, com oferta não apenas de produtos alimentares, mas também de decoração, criança, electrónica e electrodomésticos, higiene e limpeza, entre outros.

Numa primeira fase, "os produtos importados terão um peso significativo", admitiu o CEO, explicando que no prazo de "três a quatro anos temos o desígnio de a produção nacional ser superior" à importada. Para isso, o grupo irá apoiar produtores nacionais "de formas diversas", disse. "Alguns têm dificuldades logísticas, outros em fazer investimentos que, por vezes, nem são muito elevados, em máquinas, sementes ou químicos", afirmou.

O grupo Candando, acrescentou, vai ter "equipas no terreno que, em cada geografia, vão identificar as formas mais expeditas de os ajudar, o que pode passar também por formação, apoios técnicos ou até por via de políticas de pagamentos especiais". Osório garantiu, contudo, que os apoios não vão 'obrigar' os fornecedores a terem acordos de exclusividade com a nova marca de hipermercados - prática comum em Portugal.

"Essa não é a forma como vemos a questão. Sendo o mercado aberto e competitivo, se os produtores tiverem mais opções e puderem ganhar escala, podemos ganhar todos", disse ao Expansão. O gestor não indicou quando serão abertas as próximas lojas, nem em que momento haverá expansão para outras províncias, mas admitiu que a intenção é conseguir abrir, em média, duas superfícies por ano até 2020.

Fim de uma parceira anunciada

O fim da parceria entre a Sonae e Isabel dos Santos era esperado, mas só agora foi oficializado. O convite da Contidis para "o lançamento de uma nova grande marca de distribuição moderna em Angola" chegou quarta-feira passada às redacções.

Domingo à noite, o português Jornal de Negócios anunciava: "Isabel dos Santos rompe parceria com a Sonae para os hipermercados", baseando-se no convite enviado aos jornalistas em Luanda e explicando não ter conseguido falar com fonte da Sonae.

Entretanto, esta segunda-feira, enquanto decorria em Luanda a conferência de imprensa do Candando, a Lusa noticiava, em Lisboa, citando fonte oficial da Sonae, que o grupo vendera a sua posição na Condis à empresária angolana.

Poucos minutos depois, ainda que recusando "comentar matérias de accionistas", o CEO da Contidis confirmava em on, em Luanda, que Isabel dos Santos é "a única" sócia do novo projecto. A angolana e a Sonae, contudo, mantêm-se parceiros na telecom portuguesa NOS.

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