A Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) começou a implementar, desde o mês passado, um amplo projecto de instalação de novos contadores, que conta com financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e do Banco Mundial (BM). No total, a iniciativa vai custar ao Estado 211 milhões USD, para o fornecimento e a instalação de 1,26 milhões de contadores.

Com o prazo de execução de quatro anos, o projecto vai abranger todas as províncias do País e pretende melhorar a eficiência da empresa, aumentar o nível de cobrança e reduzir a crescente dívida de clientes de baixa tensão, o que, por sua vez, resultará em um incremento na receita da empresa pública do sector.

Contas feitas, cada contador de electricidade vai custar, em média, 167 USD, equivalente a 152 mil Kz, ao câmbio desta terça-feira do Banco Nacional de Angola (BNA). É importante referir que o valor em causa não contempla apenas a aquisição, mas também a instalação do medidor em casa do consumidor

Para o projecto, foi feito um concurso internacional pelo facto de os acordos com as entidades multilaterais, nomeadamente o BM e o BDA assim "o exigirem, o que foi uma decisão muito positiva, visto que os contratos foram adjudicados aos melhores preços e garantem melhor qualidade do mercado", segundo Isequiel Miguel, administrador executivo da ENDE, quando falava durante a conferência de empresa, realizada esta semana, para lançar oficialmente a campanha de instalação massiva de contadores de electricidade, que vai decorrer durante 48 meses.

O grande objectivo da empresa pública, que remunera as empresas do sector eléctrico, passa por tornar universal a modalidade pré-pagamento a todos os clientes de baixa tensão, excepto as instituições de interesse público, segundo Isequiel Miguel.

A ENDE conta, actualmente, com mais de 2,4 milhões de clientes, mas apenas 800 mil clientes são da modalidade de pré-pagamento.

Em termos de rácio, por cada 10 clientes apenas 3 têm os medidores de energias instalados, sendo que 7 paga a conta de electricidade por estimativa, o que permite desvios e uma dívida crescente, assim como ligações anárquicas na rede, afectando a qualidade de energia distribuída aos clientes de baixa tensão.

Com a instalação dos novos contadores, poder-se-á chegar a uma cobertura melhor no sistema de pré-pagamento. Apesar de apenas 43% das famílias angolanas terem energia da rede pública, o que revela a enorme deficiência na distribuição de electricidade no País.

Entre as empresas que estão a fornecer os medidores está a CRBC (China Road and Bridge Corporation), a Cibetec e a chinesa Zhejiang Sunshine Industry, que apesar de ter uma fábrica de contadores na Zona Económica Especial (ZEE) vai recorrer à importação face à incapacidade e o custo de produção no mercado nacional.