Preços reduzem 3% no mercado informal depois da quadra festiva
Em termos homólogos, entre Janeiro de 2024 e 2025 houve um aumento de 14% dos preços no mercado informal e de 34% no mercado formal. No mercado formal, onde os preços mais cresceram, o cabaz encareceu 11.414 Kz enquanto no informal aumentou cerca de 15.750 Kz.
Os preços de alguns dos principais produtos que vão para a mesa das famílias angolanas reduziram em média 3% nos mercados informais em Janeiro deste ano face a Dezembro, mês em que decorre a quadra festiva e em que a especulação tradicionalmente faz disparar os preços. Já nos mercados formais, os preços cresceram 1%, segundo a comparação dos preços de cabazes seleccionados pelo Expansão nas principais praças e hipermercados da capital do País.
Estes cabazes consistem em 18 produtos seleccionados pelo Expansão, cujos preços foram recolhidos nos mercados informais Catinton e Asa branca, e em 11 produtos nos hipermercados Kero, Candando e Maxi (ver tabelas).
Esta ligeira redução dos preços no mercado formal acaba por ser resultado da diminuição da especulação de preços causada pela quadra festiva, período em que a alta procura pressiona os preços para cima. Basta olhar para o período entre o final de Novembro e de Dezembro do ano passado, em que os preços do cabaz seleccionado pelo Expansão registaram os valores mais elevados do ano nos diferentes mercados.
Durante a reportagem do nos mercados informais, compradores e comerciantes mostraram- -se pouco animados mesmo com as ligeiras reduções nos preços, alegando ser uma fase passageira e temendo o futuro agravamento dos preços. Outros declararam ainda não sentir os benefícios destas reduções que em casos como os dos ovos, do feijão manteiga, do sal grosso e do vinagre chegaram aos 20%.
Felícia José, por exemplo, uma dona de casa cujo marido é professor, que fazia compras de pequenas quantidades no mercado do Catinton, declarou ao Expansão que está cada vez mais difícil adquirir os produtos básicos com a renda actual, principalmente os produtos congelados (que são maioritariamente importados). A mulher reclamou ainda do facto de os preços estarem constantemente a subir e de os salários se manterem os mesmos. A dona de casa reclamou ainda da criminalidade que tem crescido nos últimos dias, citando a título de exemplo a experiência que vivenciou recentemente: "fui assaltada, roubaram-me a botija de gás e a televisão", desabafou. Já Francisca, também dona de casa, reclamou dos preços do óleo, da caixa de coxa de frango, do arroz e do açúcar que, segundo conta, são os que mais pesam no bolso. "São alimentos que estão muitos caros, mas precisamos para o consumo diário", sublinha.
A dona de casa relatou ainda que os preços estão, a cada dia, mais sufocantes. Contou que o peixe ou a coxa frango são alimentos que já não constam na dieta da sua família, porque não os consegue comprar. Durante o mês, com a renda disponível, consegue adquirir um saco de fuba que garante o funge. Para acompanhar, refugia-se nas verduras e noutros alimentos mais acessíveis nos mercados, como folhas ou peixe seco. Com as outras despesas, como a educação dos filhos, luz, água e outros, está muito difícil gerir as contas, desabafou.
Importa também referir que o aumento dos preços dos bens alimentares e o agravamento da perda do poder de compra das famílias, combinados com o alto nível de desemprego, acabam por gerar outros problemas ao País, como o crescimento do número de famílias em situação de miséria, subida do índice de criminalidade, aumento de jovens envolvidos em redes de burlas, prostituição e surgimento de outros negócios ilícitos.
Leia o artigo integral na edição 811 do Expansão, de sexta-feira, dia 31 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)