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Angola

Problemas e riscos estruturais da economia angolana: da agricultura à industrialização e à 'saída' do petróleo

Exclusivo Expansão

O CEIC tem chamado a atenção para o facto de que Angola está em crise económica desde 2009 (ainda que abordagens oficiais e de outros economistas coloquem o seu início em 2014, na sequência com mais uma queda do preço do barril de petróleo no seu segundo semestre) da crise internacional do subprime: em 2008, a taxa de crescimento do PIB foi de 11,2% e em 2009 de 1,89% para não mais se regressar aos níveis anteriores.

No segundo semestre de 2014 assistiu- -se a uma quebra de mais de 45% no preço do barril de petróleo, de cuja actividade depende a capacidade de importação do país (a componente importada da produção nacional é de mais de 70%), as receitas fiscais e as reservas internacionais. Inevitavelmente que o resultado só podia ser a quebra da produção nesse ano e em 2015. Como as reformas macro e microeconómicas tardam em acontecer (na dimensão, eficácia e eficiência requeridas), a recessão sistemática fez a sua aparição e em 2016, 2017, 2018 e 2019 o PIB diminuiu, em valores acumulados cerca de 5,2%.

As taxas de desemprego dispararam (a geral para 32% e a da população jovem para 57,5%), a taxa de pobreza aumentou (41% de acordo com os dados oficiais do IDREA 2018/2019) e a fome e miséria instalaram-se. As igrejas cristãs de Angola, com destaque para a Católica, não se cansam em acções de ajuda humanitária junto das periferias das grandes cidades, em particular Luanda, com o objectivo de atenuarem as sofridas condições de vida da população, que, numa grande percentagem, não tem água (nem saneamento básico, nem electricidade, nem acesso à saúde), ficando muito mais difícil cumprir as medidas de segurança sanitária.

Quando uma economia não cresce ou regride, quando os indicadores sobre o clima de negócios continuam muito problemáticos, quando o capital humano não corresponde às exigências colocadas pelas transformações estruturais dos tecidos económicos, quando as instituições não existem, quando a instabilidade institucional é elevada (nunca em Angola e em tão pouco tempo ocorreram tantas nomeações e exonerações) e quando o Governo continua a tomar decisões polémicas e desajustadas da presente realidade (a aquisição de 200 viaturas topo de gama para as entregar aos Ministros, Secretários de Estado e outros membros da nomenclatura, o investimento de 42 milhões USD para se construir a sede da Comissão Nacional Eleitoral, a construção de um hospital para os dirigentes, a construção do bairro administrativo para o Estado, o ressarcimento de uma dívida externa dum país africano em espécie, etc.), não pode haver atracção de investimento privado, mormente o estrangeiro. Apesar de um novo Presidente da República - cuja eleição suscitou muita expectativa - e dos programas de governação anunciados na sequência da sua tomada de posse (cujos conteúdos não se diferenciam muito dos do passado), a economia está em derrapagem desde 2016, os índices de confiança são de expressão reduzida e têm estado em queda desde há muito tempo e o investimento tarda em acontecer. A diversificação não se faz sem reformas estruturais, investimento e confiança. Como se referiu anteriormente, as expectativas criadas pela sua eleição foram muito elevadas, em especial durante 2018, com o anúncio das medidas contra a corrupção e a favor da transparência e com a sua diplomacia económica e política externa que o levou a visitar vários países a fim de apresentar a nova cara da NOVA ANGOLA. Foram conseguidos vários financiamentos externos (a dívida pública neste ano aumentou cerca de 11 mil milhões USD) e muitas promessas de fluxos de investimento externo (que não se transformaram em aplicações reais e efectivas). Entretanto, a economia continua amarrada por uma série de constrangimentos, alguns dos quais já foram referidos. A intervenção do FMI, de resto, como noutros países, tem sido muito polémica, por se centrar exclusivamente nos aspectos da estabilização das finanças públicas e das taxas de câmbio, deixando, para segundo plano, as questões sociais, a retoma do crescimento e do emprego, as quais, segundo a sua doutrina, acabarão por se resolver depois dos ajustamentos e da estabilização.

(Leia o artigo integral na edição 639 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Agosto de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)

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