Subida dos preços dos materiais de construção a abrandar pelo 7.º mês consecutivo
Apesar da desaceleração verificada nos últimos meses, ainda assim os preços dos materiais de construção subiram 18,5% face a Fevereiro do ano passado. Especialistas defendem que os bancos devem financiar o sector para dinamizar a construção.
O índice de preços dos materiais de construção está à abrandar há sete meses em termos homólogos, o que significa que apesar de os preços continuarem a subir, apenas estão a crescer a um ritmo inferior, indicam dados do Índice de Preços dos Materiais de Construção (IPMC) relativos ao mês de Fevereiro, divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Desde que deu início ao abrandamento, em Agosto do ano passado, quando a inflação homóloga dos materiais de construção era de 24,4%, até Fevereiro deste ano, verificou-se uma desaceleração de 5,9 pontos percentuais. Ainda assim, face a Fevereiro do ano passado, os preços dos materiais de construção cresceram 18,5%.
As maiores variações homólogas foram registadas em outros produtos sintéticos, com 36,2%, seguido- -se os blocos com 31,1%, e vigas, vigotas e ripas com 27,6%. Também fazem parte da lista dos materiais cujos preços mais cresceram produtos como o cimentos e aglomerantes, com 27,2%, tijolos com 22,9%, madeira e contraplacado com19,0%, e alumínio com 17,7%.
Já em termos mensais os preços destes materiais abrandaram pelo segundo mês consecutivo para 1,2%, um desaceleramento de 0,1 pontos percentuais face a Janeiro (ver gráfico).
Apesar de os preços estarem a crescer menos do que noutros períodos, o País continua a debater-se com sérios problemas no seu tecido industrial, avança Paulino Makanga membro da Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA).
O problema, segundo o especialista, é que o País não possui uma indústria de produção de materiais de construção em escala para atender as necessidades internas, desde a ferramentaria, inertes e todo tipo de equipamentos no segmento da construção civil. Por isso defende uma completa revolução na indústria dos materiais de construção civil para fazer face à procura para poder baixar os preços deixando de depender das variações cambiais que acabam por penalizar os preços. "As infraestruturas públicas necessitam, cada vez mais, dos materiais de construção que não são produzidos localmente. E esses que são importados apanham por tabela o quadro inflacionário do País. Por isso, temos de procurar revolucionar a indústria dos materiais de construção civil", disse.
Segundo Paulino Makanga, o País, por conta das políticas públicas "mal concebidas matou a indústria" que deveria ser o alicerce para a produção dos materiais de construção. Nota que a ausência desses factores faz disparar os preços dos materiais de construção apesar do grande fluxo de materiais que vêm do estrangeiro, sendo ainda a procura maior que a oferta. Defende a industrialização do País e a introdução de novas tipologias de construção com novos equipamentos para a indústria dos materiais de construção.
Por seu lado, Luís Salvador, responsável da Associação de Construção Civil e Obras Públicas de Angola (AECCOPA), o mercado debate-se com factores determinantes para a oferta de produtos, nomeadamente o déficit que se regista na indústria dos materiais de construção civil e as dificuldades na obtenção de divisas para a compra no estrangeiro.
Perante esse cenário, refere que a associação defende maiores investimentos na produção nacional e que é necessário que os bancos concedam financiamentos ao sector da indústria dos materiais de construção. Defende ainda a adopção de uma estratégia para a atracção de investidores estrangeiros a fim de dinamizar o tecido industrial do País, visando o aumento da produção dos materiais de construção civil.