Angola está apenas um patamar acima da linha da água no Índice Global de Cibersegurança 2024
Apesar da progressão jurídica não há uma estratégia nacional de cibersegurança. A agência foi anunciada, mas teima em sair do papel. Faltam quadros e maiorconsciencializaçã o da população.
Angola está apenas um patamar acima do nível de desempenho mais baixo do Índice Global de Cibersegurança (GCI), com sérios desafios a nível técnico, organizacional e de desenvolvimento de capacidades ou recursos humanos, o que significa que o País está pouco preparado contra ataques cibernéticos.
O índice, que é produzido pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência especializada das Nações Unidas para as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), mediu o compromisso de 194 países em relação ao nível de preparação contra ataques cibernéticos, numa escala de 0 a 100. Neste ano, foram distribuídos em 5 níveis diferentes. Angola ficou no quarto, logo a seguir ao nível mais baixo.
A avaliação passou por cinco pilares, nomeadamente jurídico, técnico, organizacional, desenvolvimento de capacidades e cooperação, cada um destes níveis vale 20 pontos, totalizando 100 pontos para o desempenho mais alto. Apesar da evolução nos últimos quatro anos, o País conseguiu apenas 39,5 pontos dos 100 possíveis na classificação geral, em 2020-2021 tinha conseguido 13. Uma evolução que ficou quase restrita ao progresso que o sector assistiu a nível das leis ( jurídico) e de cooperação com entidades de outros países. Entretanto, o relatório da UIT refere que esta evolução foi normal, até porque todos os países apresentaram avanço neste sentido.
Angola continua com uma pontuação muito negativa ao nível técnico, que envolve a capacidade de respostas rápidas aos incidentes informáticos, agências locais para o sector; no nível organizacional, que tem a ver com estratégias nacionais de cibersegurança, que seria gizada por uma agência, que até foi anunciada há um ano e meio, mas teima sair do papel. Há também fragilidades ao nível de desenvolvimento de capacidades, que é, no fundo, a qualidade técnica dos recursos humanos e de consciencialização da população para o sector da TICs. Estes aspectos tornam mediano o nível de preparação do País contra ataques cibernéticos.
Para José Varela, engenheiro de segurança de informação, é preciso um investimento grande em campanhas de consciencialização e na formação de quadros.
"Temos poucos quadros em Angola no sector de segurança de informação. São pouquíssimos com certificações internacionais, isso também acaba por pesar nestes índices". Quando olhamos para os sites das entidades públicas conseguimos ver o nível de segurança que temos e as entidades internacionais olham também para isso".