Angola na cauda do crescimento económico da África Subsariana
Em Maio demos destaque aos dados publicados pelo FMI que mostram que Angola terá um dos mais baixos crescimentos económicos da África Subsariana. Tendo como base 2020, o valor acumulado para o crescimento do PIB de Angola até ao final 2023 está estimado em 7,1%. A média para a região é 12,8% e apenas 5 entre os 45 países analisados têm valores mais baixos.
Os números divulgados pelo FMI em Maio para a recuperação económica na África subsariana, fazendo as projecções para o crescimento do PIB até 2023, mostram que Angola será dos países que terá um menor crescimento acumulado para este período: num universo de 45 países aparece na 39ª posição. A média para a região, tomando por base o ano 2020, é 12,8% sendo que para Angola a projecção é de apenas 7,1%.
A notícia assinada por Hermenegildo Ferreira, avançava que na altura os números do FMI para o crescimento económico anual 2021-2023 permitem, tomando como base o ano de 2020 onde os efeitos da pandemia foram maiores, analisar aquilo que é a retoma prevista para cada um dos países. Através da aplicação da fórmula de progressão geométrica ano-a-ano, é possível calcular o percentual acumulado esperado até ao final do período, medindo assim o aumento do PIB entre 1 de Janeiro de 2021 e 31 de Dezembro de 2023.
Apesar de todos os esforços e medidas que vão sendo tomadas, Angola aparece nos últimos lugares deste ranking, com índices de crescimento mais de três vezes abaixo das nações que estão nos primeiros lugares - Ruanda, Senegal e Botswana - e apenas acima do Lesoto, São Tomé e Princípe, Chade, Congo Brazzaville e Guiné Equatorial. Na região da SADC, o País aparece em penúltimo e só o reino do Lesoto (6,9%), um pequeno país com 30,3 mil quilómetros quadrados e cerca de 2,2 milhões habitantes, incrustado dentro do território sul-africano, apresenta uma previsão de crescimento económico inferior a Angola.
Olhando para outros países na região com quem existe maior proximidade, a RDC tem uma previsão de crescimento acumulado de 20,4%, o Zimbabué surge com 13,3%, a Zâmbia com 11,4%, a África do Sul com 8,4% e a Namíbia com 7,6%. Já se a comparação for feita no espaço lusófono, Angola fica abaixo de Cabo Verde (19%), Guiné Bissau (12,6%) e Moçambique (11,4%), mas à frente se São Tomé e Príncipe (6,9%) e Guiné Equatorial (-4,7%). Aliás, a nação de Teodoro Obiang Nguema é o único país da África subsariana que não irá crescer neste período, de acordo com as previsões do FMI.
Estes números foram publicados já com a invasão da Ucrânia em andamento, pelo que devem olhados com muita atenção, para perceber porque é que a nossa economia não consegue desenvolver-se ao mesmo ritmo dos parceiros africanos. Embora sejam apenas previsões, existem factores que podem condicionar estes índices, sendo que no nosso caso o mais importante são as receitas que vêm do sector petrolífero. O BFA projectou, no seu estudo mensal, que a economia angolana podia em 2022 ter um crescimento global até entre 5,2 e 5,7%, o FMI prevê 3,0%, assente no aumento do PIB petrolífero.
O crescimento d o PIB foi actualizado recentemente na proposta do OGE para 2023, onde se prevê para este ano um crescimento de 2,7% para este ano, depois do programa de reprogramação económica, e para o próximo ano de 3,3%. Significa isto que a previsão do governo para este período é de um crescimento acumulado a rondar os 6,5%%, ligeiramente abaixo dos 7,1% que eram a previsão do FMI. O crescimento do PIB vai depender muito da oscilação do preço do barril de petróleo, mas também da contribuição dos sectores do comércio, agricultura, telecomunicações e construção.
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