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Angola

Demora nas licenças de importação cria caos no Ministério da Indústria

A SITUAÇÃO PIORA TODOS OS DIAS

Industriais reclamam da morosidade na emissão da licença que lhes permite importar e desalfandegar as suas mercadorias retidas nos terminais portuários. Depois de cinco dias no porto contentores pagam até 76 mil Kz de sobrestadia. Factura dispara para milhões após um mês de demora.

A demora na emissão de licenças de importação criou esta semana o caos nos corredores do edifício do Ministério da Indústria e Comércio (MINDCOM). Enchentes e reclamações de vária ordem foi o que o Expansão constatou no 3.º andar do edifício onde funciona a secretaria da Direcção Nacional da Indústria, departamento do ministério que tem, entre outras responsabilidades, a competência para emitir documentos que autorizam a importação de certos bens e que isentam o IVA na importação.

Os industriais reclamam, essencialmente, da demora na emissão da Declaração de Exclusividade e da Autorização de Importação, documentos que o ministério emite e que são essenciais para desalfandegar matérias-primas que chegam ao país, e que se encontram nos terminais de contentores, sem o pagamento de taxas de sobreestadia.

No local, diante da enchente que se criou no famoso corredor das isenções, o Expansão constatou ainda casos de empresários que já receberam os seus documentos, mas tiveram de regressar e pedir a sua reemissão, por causa de erros nos documentos.

"Até Abril, os documentos saiam, mas de forma muito "lenta", e no início de Maio o problema agravou-se. O documento que, antes demorava dois dias, agora demora quase um mês a sair, o que encarece a factura na hora de levantarmos a mercadoria", relatou um empresário vietnamita que preferiu o anonimato.

Parece conluio

"Parece que há conluio entre a Direcção Nacional da Indústria e as empresas gestoras dos terminais de cargas, para demorarem a dar- -nos as licenças para as empresas [gestoras dos terminais] facturarem mais. Gasta-se muito dinheiro neste processo e isto torna o nosso ambiente de negócios cada vez mais tóxico", desabafa um despachante no local, que está à espera da sua licença de exclusividade desde o dia 20 de Maio.

Há despachantes que deram entrada dos seus processos no dia 6 de Maio e até à data estão à espera da autorização para desalfandegar as mercadorias.

Todos os importadores têm uma licença de importação generalizada, mas a autorização para importar determinado produto deve ser pedida com a factura antes de a mercadoria ser embarcada. Já a isenção de direitos, concedida aos industriais que importam matéria-prima ou equipamentos, e que é a causa dos maiores atrasos e dos custos de sobreestadia nos terminais, só pode ser pedida com a carga embarcada, pois a Direcção Nacional da Indústria tem de colocar na autorização o número de transporte.

Vale lembrar que quando os contentores chegam ao porto de Luanda têm direito a uma estadia de cinco dias sem custos, que é o tempo necessário para a tramitação da burocracia necessária para o desalfandegamento. A partir do sexto dia, por cada contentor de 40 pés é cobrado o correspondente em Kz a 90 USD, o equivalente ao câmbio de quarta-feira do Banco Nacional de Angola a 76.700 Kz. Se o contentor estiver 30 dias no terminal a factura dispara para os 2,3 milhões Kz, podendo chegar aos 29,9 milhões no caso de um empresário com quem o Expansão falou no corredor da Direcção Nacional da Indústria, que tem 13 contentores à espera.

Especialistas entendem que a burocracia a que são submetidos os empresários tem depois reflexo no bolso do cidadão, que é o consumidor final destes produtos importados e, por isso, é que os preços continuam a subir e são cada vez mais caros.

Leia o artigo integral na edição 779 do Expansão, de sexta-feira, dia 07 de Junho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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