Mercado imobiliário de Luanda dá sinais de retoma ao ritmo dos projectos de luxo
Depois de 10 anos de retracção, vários projectos que estavam parados dão sinais de reanimação, ao mesmo tempo que surgem novas propostas para Luanda. Não é possível contabilizar os valores envolvidos, mas entre os empreendimentos identificados pelo Expansão, estão envolvidos mais de 1.000 milhões USD.
São hotéis de 5 estrelas, moradias de luxo com cais privativo para o iate ou embarcação familiar de recreio, shoppings e centros de convenções para acolher cimeiras de alto nível e eventos corporativos, campos de golfe citadinos, quase todos localizados nas zonas mais procuradas de Luanda, que prometem reanimar um mercado imobiliário que vai desesperando por melhores dias. A alta inflação em Angola e noutras regiões do mundo e o investimento em imóveis como estratégia de refúgio podem estar a ajudar o sector, sobretudo na capital do País, que também necessita de projectos imobiliários de perfil e valor intermédio que possam atender a procura da classe média.
Alguns destes projectos já estão em andamento, com obras iniciadas e construções a meio-gás, enquanto outros ainda estão em fase de concepção e planeamento.
Parte deles já são conhecidos (ver infografia) mas tinham sido adiados devido ao contexto económico recessivo, entre 2015 e 2020, a que se seguiu um profundo revés devido à pandemia e quase dois anos a meio- -gás - com consequências graves para a maioria das empresas, sejam elas de origem nacional ou estrangeira, que ainda não foram totalmente ultrapassadas.
Na opinião de Cléber Correia, da empresa Proimóveis e antigo presidente da Associação de Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA), "com o início da alta da inflação em 2014, a promoção imobiliária no País quase que estagnou".
"Estamos há 10 anos sem a criação de novos produtos imobiliários para o mercado. Nessa década, a economia e a população cresceram, pressionando a procura por habitações de todos os níveis", explica o corretor imobiliário com larga experiência no mercado angolano, que tem registado um défice de imóveis para expatriados, por exemplo, que procuram casas de pequena e média dimensão (tipologias T1 e T2) e prestação garantida de serviços básicos como água, energia, estacionamento e internet.
E quem são os investidores que estão a promover estes novos empreendimentos de luxo? A maioria dos casos identificados pelo Expansão tem a participação directa de empresários e entidades locais, embora parte destes negócios estejam a ser implementados em forma de parceria com promotores de outras origens.
Mas existem também algumas situações curiosas, como é o caso do Emerald Group, que tem como PCA o gestor e empresário angolano-são tomense N"gunu Tiny.
A sede do grupo empresarial está no Dubai, onde vivem várias figuras conhecidas da sociedade angolana (como Isabel dos Santos ou Manuel Vicente, só para citar dois exemplos famosos), mas a sua actuação estende-se por três áreas de negócio - Emerald Capital, Emerald Energy e Emerald Media - e vários países, com especial foco em Angola e Portugal.
Ao nível do sector imobiliário em Luanda, o Emerald Group, através da Diaar, a sua corretora imobiliária local, está envolvido na promoção do projecto "One Luanda", que surge em algumas publicações também com a designação "Luanda Waterfalls".
Esta é uma obra antiga, localizada numa área conquistada ao mar logo à entrada da Ilha do Cabo, que envolve três torres de edifícios (um hotel de cinco estrelas, escritórios e apartamentos) da autoria do escritório de arquitectura Costa Lopes (a sua assinatura está presente em vários imóveis erigidos nos últimos anos na capital) e uma vista privilegiada sobre o clube náutico e a marginal de Luanda.
É numa destas torres que se deve instalar um hotel de 5 estrelas da cadeia internacional Meliá. Miguel Proença, CEO da Hoti Hotéis, revelou em Março, em Lisboa, que já foram assinados os primeiros contratos para a construção de um hotel em Luanda com 250 quartos.
Proença estimou, naquela altura, que o hotel terá uma forte presença no segmento MICE (Reuniões, Incentivos, Conferências e Exposições), além de atrair os mercados português e espanhol devido ao reconhecimento da marca Meliá na Península Ibérica.
"É relevante para a Meliá termos firmado uma posição, primeiro em Moçambique e agora em Angola", disse o gestor à imprensa.
Não foram divulgados os valores envolvidos neste investimento da Hoti Hotéis, mas um hotel de 5 estrelas tem a fase de construção avaliada entre 60 a 80 milhões USD, segundo apurou o Expansão.
Leia o artigo integral na edição 784 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Julho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)