Plano de comunicação do Governo prevê criação de um porta-voz oficial
Ainda não existem certezas sobre quem e qual o perfil da pessoa que vai ocupar este lugar, de acordo com o que o Expansão apurou, mas pretende-se que a comunicação do Governo seja integrada, mais perceptível para os cidadãos e para as empresas, capaz de gerar confiança no País e no estrangeiro.
Reconhecendo que existem falhas na comunicação do Governo com os cidadãos e as instituições, foi publicado em Diário da República o Plano Nacional de Comunicação Institucional do Executivo (PNCIE) até às eleições legislativas de 2027. Na base deste documento estão os resultados esperados, de que são exemplo a "melhoria da compreensão positiva dos actos de governação", "sensibilização, formação e engajamento dos públicos mais jovens para a complexidade governativa do Executivo", "incremento da atracção e divulgação nos mercados internacionais das oportunidades de investimento", "geração de empatia e credibilidade das instituições do Estado junto dos vários públicos de relacionamento de interesse" ou "transformação favorável e positiva do estado de opinião pública nacional e internacional (na comunidade, media convencional e plataformas digitais) em relação ao Titular do Poder Executivo, as políticas e medidas do Executivo como um todo".
A primeira conclusão a tirar desde documento é que será o ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MTTIC) a coordenar a comunicação institucional do Executivo através de duas estruturas - Comissão de Comunicação Institucional do Executivo (CCIE), coordenada pelo Presidente da República, coadjuvado pelo ministro Mário Oliveira, e o Grupo Técnico de Comunicação Institucional do Executivo (GTCIE), coordenada pelo secretário de Estado da Comunicação Social, Nuno Caldas, e com a participação do director nacional da Informação e Comunicação Institucional e toda a estrutura de comunicação institucional do Executivo, composta pelos gabinetes de comunicação institucional dos ministérios, governos provinciais, administrações municipais e empresas públicas.
O plano prevê também a criação da figura do porta-voz do Governo e a implementação de acções de interacção permanente com a população para melhorar o atendimento de quem procura os serviços do Executivo. Neste particular, o documento fala em "operacionalização de ferramentas, tácticas e acções junto dos fazedores de opinião/influenciadores digitais, parceiros e think-tanks (laboratórios de ideias, órgãos de comunicação social, articulistas, instituições de ensino e investigação, influenciadores digitais, entre outros) no interior e exterior de Angola, influenciando o "alinhamento" destes, bem como a percepção e opinião sobre os mais variados materiais e temas tratados pelo Executivo angolano".
Objectivos
O PNCIE separa a actuação e os objectivos a atingir internamente e no estrangeiro, reconhecendo que as necessidades e as estratégias são diferentes. Internamente, existe a necessidade de "tornar os conteúdos do Executivo mais esclarecedores, simples e persuasivos para a compreensão e aceitação do cidadão", numa lógica de "assegurar laços de empatia, humanização progressiva e generalizada do Executivo junto do cidadão". A alínea e) dos objectivos internos consagrados neste documento resume o que se pretende: "criar, reforçar e/ou ampliar positivamente o estado de opinião favorável à imagem e reputação do Executivo junto dos vários segmentos de público-alvo".
A implantação do plano implica também a alteração da postura dos quadros dos órgãos de governação, pelo que o PNCIE se propõe "reforçar o comportamento dos funcionários públicos, alinhando com as tarefas, responsabilidades, objectivos e pretensões do Executivo angolano" e "assegurar o reforço da competência dos titulares de cargos públicos, por via de acções de media training, em materiais de comunicação institucional, marketing e comunicação política, bem como comunicação digital". Em termos práticos, melhorar as competências das pessoas envolvidas.
Diáspora
Deste plano faz também parte a criação da "Marca Angola", "uma marca que simboliza e agrega valores para a comunicação externa e interna para o turismo, cultura, negócios e investimento. Neste aspecto, este documento olha para importância da diáspora no imagem do País, o que não acontece com muita frequência pelas instituições oficiais e governamentais, consagrando-lhe três alíneas na listagem dos objectivos a atingir no estrangeiro.
Pode ler-se que são objectivos "reforçar o sentimento de pertença e orgulho pela "Marca Angola" dos utentes de serviços públicos, dos residentes na diáspora (académicos, influenciadores e fazedores de opinião, laboratórios de ideias) das diferentes comunidades no exterior", "promover acções de comunicação e relacionamento com a comunidade angolana na diáspora, através da promoção de encontros de diálogo permanente, sobretudo por ocasião das comemorações de efemérides nacionais", e "criar o sentimento de pertença e consciencialização de que a percussão dos objectivos do Executivo depende da contribuição de cada comunidade angolana na diáspora".
Leia o artigo integral na edição 798 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)