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Angola

Por cada 100 empresas que nascem, 70 "morrem" ao fim de um ano de actividade

SEGUNDO O MINISTÉRIO DA ECONOMIA

A taxa de mortalidade anual das empresas em Angola ronda os 70%, ou seja, por cada 100 empresas criadas, no prazo de um ano, apenas 30 sobrevivem, revelou fonte do Ministério da Economia ao Expansão.

"O contexto económico faz- -nos crer que cerca de 70% das empresas que entram no mercado morrem ao fim de um ano de actividade", revelou a fonte. Segundo as estatísticas do Guiché Único de Empresa (GUE), divulgadas em Janeiro último, desde 2004 foram criadas 62.584 empresas dos diferentes sectores de actividade.

Quanto à origem dos investidores, as estatísticas dizem que 70% foram inciativas de empresários angolanos e os restantes 30% foram de titulares estrangeiros.

Os dados ora divulgados , segundo as previsões dos especialistas consultados pelo Expansão, revelam que apesar da crise económica que o País enfrenta há dois anos, os angolanos têm investido na criação de empresas. No entanto, a falta de apoio do Estado, os constrangimentos no acesso ao cré- dito e as taxas de juros elevadas, ainda são apontadas como os principais obstáculos e motivos da inviabilidade de muitos dos projectos.

Número de empresas aumentou, apesar da crise

Nos 13 anos de existência do GUE, 2015 foi o ano com o maior número de criação de empresas, com 12.117, contra as 8.564 de 2014.

Apesar da crise, a tendência crescente do nascimento de empresas é justificada com a entrada em vigor da actual lei sobre o investimento privado em Angola. O administrador do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), Samora Kitumba, explica que, nos últimos três anos, as taxas de falência aumentaram, e o ano passado foi "um pesadelo" para estas empresas.

"A contracção da economia contribuiu para o agravamento da situação das empresas em Angola. São vários os relatos que nos chegam de falências. Para inverter este quadro, teremos que aguardar pela retoma do crescimento", disse.

Quanto às dificuldades para apurar o número preciso de empresas que têm encerrado nos últimos anos, Kitumba garante que a falta de consultoria credível para medir a actividade das empresas tem sido um dos entraves.

"Os dados que existem são baseados nos pagamentos de impostos. Ora, sabemos que nem todas as empresas em actividade em Angola os pagam, ficando assim complicado avançar um valor exacto sobre as falências em Angola", explicou.

As dificuldades de acesso ao crédito, falta de capital humano qualificado, excesso de burocracia no licenciamento, infra-estruturas deficientes, falta de energia eléctrica, estradas e telecomunicações, e o fraco apoio do Estado são os maiores handicaps ao desenvolvimento empresarial de forma estável e segura.

A presidente do conselho de administração do Instituto de Fomento Empresarial (IFE), Dalva Ringote Allen, sem avançar números, diz que é notória a queda dos indicadores sobre o mercado empresarial em Angola, apontando o contexto actual económico como o maior constrangimento, tendo como consequência o encerramento de empresas.

Por outro lado, Allen refere que o IFE, no âmbito das suas acções, tem articulado com as instituições nacionais e internacionais, para o apoio, de forma objectiva, à implementação das políticas para a capacitação de empresas.

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