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Angola

Presidente "esquece" autarquias no discurso da tomada de posse

Angola

Nem uma palavra sobre as eleições autárquicas. Em nenhuma parte do seu discurso referiu a palavra autarquias, não incluindo este processo naquilo que considerou ser as prioridades deste segundo mandato. Mas prometeu aumentar os salários dos militares já nos próximos dias.

Esperava-se que o presidente falasse sobre as autarquias, até porque foi um dos temas mais discutidos durante a campanha eleitoral, tendo num dos seus discursos prometido que era um processo que iria andar rápido, com a aprovação rápida da legislação que falta e marcação das primeiras eleições locais num prazo máximo de dois anos.

No entanto os resultados eleitorais, em especial a "hecatombe" em Luanda aconselha a um prazo maior para que o partido possa recuperar a sua imagem, sendo que o novo governador de Luanda precisará de tempo para inverter esta tendência. Talvez por isso o presidente da República tenha dito no discurso de posse que "continuaremos com a governação local no formato estabelecido, onde procuraremos, nas nossas deslocações ao interior, falar com as autoridades, mas também com as diferentes franjas representativas da sociedade de cada província". Na verdade, um passo atrás neste processo.

Também destacar neste discurso as palavras para as Forças Armadas, que se sabe tem algumas franjas que manifestam alguma insatisfação nas redes sociais face á perca de benesses que mantém há muitos anos. "Encontraremos as melhores soluções de financiamento para o reequipamento e modernização das Forças Armadas Angolanas, para as colocar ao nível do prestígio grangeado ao longo dos tempos", disse, prometendo também que vai resolver rapidamente a questão das remunerações, acrescentando que " a formação contínua dos efectivos assim como a melhoria das condições de aquartelamento das tropas e dos seus salários, é algo a que nos dedicaremos logo nos primeiros dias da entrada em funcionamento do Executivo.".

E aproveitou o embalo das palavras para valorizar o facto de Angola se ter aberto ao mundo nos últimos anos, naquilo que chamou de "diplomacia dinâmica", realçando o facto de o País ter vindo a ganhar prestígio a nível do continente e do mundo pelo seu papel na resolução de alguns conflitos na região da SADC e da CIRL, de que são exemplo os casos da República Centro Africana, Ruanda e RDC, e ainda o coinflito entre o Uganda e o Ruanda. Angola tem sido um mediador reconhecido em todos estes processos de busca pela paz.

Os refugiados são todos iguais

Nesta senda dos conflitos internacionais, João Lourenço falou depois para os convidados estrangeiros deixando um claro sinal daquilo que pensa relativamente à forma como os conflitos no mundo são tratados pelas instituições internacionais.

"É hora de o Mundo começar a encarar a necessidade de salvar e proteger a vida humana por igual, sem preconceitos de ordem racial, religiosa ou de qualquer outro tipo. Todas as vítimas das guerras, dos conflitos armados, das calamidades naturais, devem merecer o nosso carinho, a nossa atenção, a nossa solidariedade", disse acrescentando com convicção que "as Nações Unidas devem ser o guia regulador do equilíbrio necessário na acção das organizações humanitárias internacionais, para que não se concentrem as atenções apenas no atendimento a um tipo de necessitados, em função da sua origem. Os refugiados da Síria, do Iémen, dos países do Sahel, da Somália, do Tigray e de outras partes do mundo, merecem igualmente a atenção das agências internacionais humanitárias."

Centrou-se depois numa análise mais vocacionada para o que está a acontecer na Ucrânia, e reposicionou a posição do governo nesta questão: "Tendo em conta a necessidade de se evitar o escalar do conflito, consideramos importante que as autoridades russas tomem a iniciativa de pôr fim ao conflito, criando assim um melhor ambiente para se negociar uma nova arquitectura de paz para a Europa e abrir o caminho para a tão almejada e necessária reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.".

(Leia o artigo integral na edição 691 do Expansão, de sexta-feira, dia 9 de Setembrode 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)