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África

Zimbabué faz mea culpa para evitar impacto "devastador"

MINISTRO DAS FINANÇAS ESCREVE AO FMI E BM, ENTRE OUTROS ORGANISMOS MULTILATERAIS

Afastado das ajudas multilaterais por incumprimento, o governo do Zimbabué compromete-se a reagendar o pagamento da dívida externa, avaliada em 8 mil milhões USD, e a regularizar os atrasados, numa carta onde pede ajuda para enfrentar a pandemia da Covid-19. O efeito será "devastador" se o país enfrentar sozinho a crise.

"O Zimbabué precisa desesperadamente de apoio internacional", escreve o ministro das Finanças, Mthuli Ncube, numa carta enviada a vários organismos multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento, mas que, um mês depois, continua sem respostas. Com a carta, que foi enviada também ao Clube de Paris e ao Banco Europeu de Investimento, o governo do Zimbabué procura um alívio da dívida, concedido a vários países africanos, e um programa de liquidação da dívida em atraso, de 15 anos, com um período de carência de 5 anos, como referem a Bloomberg e a Reuters.

"É muito injusto que o Zimbabué fique sem apoio para lidar com uma crise humanitária global que não criou", reforça o secretário permanente do Ministério das Finanças, George Guvamatanga, notando que o país já estava por conta própria a lidar com a seca e com as crises induzidas pelo ciclone Idai, que há um ano deixou um rasto de destruição em Moçambique, Malawi e Zimbabué.

As organizações multilaterais fecharam a porta ao país por incumprimento do serviço da dívida externa, avaliada pela Bloomberg em 8 mil milhões USD. O não pagamento da dívida fez com que o Zimbabué se tornasse inelegível ao programa de emergência anunciado pelo FMI para ajudar os países a enfrentarem a pandemia da Covid-19, do qual estão excluídos também o Sudão e a Eritreia, e que já aprovou financiamento para 46 países, no montante de 15 mil milhões USD.

"Espera-se que a pandemia global da Covid-19 tenha um impacto devastador na saúde, humanitário e económico no Zimbabué", afirma Ncube na carta endereçada no dia 3 de Abril, na expectativa de que as organizações internacionais cedam, perante o quadro de dramatismo criado pela pandemia. O ministro das Finanças explica que os "recursos domésticos que permitem que as autoridades mitiguem o impacto da pandemia são insuficientes e o acesso a financiamento externo está severamente restringido por dívidas em atraso".

A pandemia da Covid-19 apanhou o Zimbabué num estado de fragilidade económica, quando o país tentava recuperar da pior seca em 40 anos, da passagem do ciclone Idai e de décadas de má gestão, que deixaram o país sem dinheiro, sem divisas, sem alimentos e sem combustíveis e com uma taxa de inflação anual de 676%. Quadro que colocou metade da população de 15 milhões de pessoas em risco alimentar. (...)

(Leia o artigo integral na edição 573 do Expansão, de sexta-feira, dia 8 de Maio de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)