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"Não me arrependo de nada do que fiz nesta minha carreira de 10 anos"

Soraya da Piedade, estilista

Desde Junho de 2020 que a marca Fast Fashion lança uma colecção em cada mês, com uma linha exclusiva para o Plus Size. A estilista e proprietária da marca revela que o ficou para trás foi apenas o mestrado, e insiste é necessário dar mais atenção à moda.

Já completou dez anos de carreira, o que neste sector não é uma tarefa fácil. Como olha para este tempo?

Descrevo-o como dez anos de evolução diária. De muito trabalho, muito sacrifício, de muito empenho, de muito choro, muitas lágrimas, de muito stress, pelas circunstâncias todas que vamos vivendo, pelas dificuldades que Angola apresenta para o empreendedor. Mas estou aqui! Não desisto e acredito que irei chegar ao lugar que sonhei.

O que deixou de fazer na vida para ser estilista que é hoje?

A única coisa que deixei de terminar para ser estilista, porque a agenda já não permitia, foi o mestrado de gestão de pessoal. Faltavam-me uns três ou quatro módulos para terminar, mas como era no exterior do País, estava sempre a viajar, e não deu para terminar. De resto, tenho conseguido gerir bem.

Arrepende-se de ter escolhido este caminho?

Não me arrependo de nada! Não há absolutamente nada a minha carreira da qual eu me arrependa. O que não foi muito bom eu aprendi com isso, o que foi bom, tirei exemplo para melhorar.

Tem lojas no Brasil e Angola?

Comecei com uma loja no Brasil, na cidade onde me formei, fazia muito sentido na altura, porque tina muitos pedidos lá. Entretanto, depois de ser mãe as coisas ficaram mais complicadas de gerir porque eu precisava de ir lá todos os meses, porque tinha produções frequentes. Foi então que fechei a loja no Brasil abri a Fast Fashion em Angola, o que torna possível equilibrar a dupla função de ser empresária e também ser mãe.

Sempre produziu para todos os tamanhos, mas agora dedicou-se a colecção Plus Size. Porquê?

Tento produzir para todos os tamanhos, especialmente sob medida. Quando abri a loja, a Fast Fashion, desde o início esta foi uma das propostas, uma das coisas que eu mais quis evidenciar, era que tinha tamanho até Plus Size. Mas como sempre fizemos campanhas tradicionais, fui perceben
do que as pessoas não tinham ideia de que chegávamos até ao tamanho XL. Agora fiz a campanha conscientemente com Plus Size, para as pessoas fazerem o link perfeito entre aquilo que eu digo e o que, de facto, faço.

Já foi vítima de preconceito e racismo?

No Brasil, país onde vivi, não me lembro de ter vivido alguma cena de racismo, realmente. Preconceito, como diria, sou uma pessoa muito tranquila, muito zen, a última coisa que vou pensar é que a pessoa me esteja a tratar mal por ser negra. Então, geralmente não presto muita atenção, a não ser se me chamasse de negra ou preta. Eu não vou logo pensar que o tratamento diferencial é pela cor da minha pele. Mas não me lembro de qualquer episódio especifico com o racismo.

O que prefere fazer, o pronto a vestir ou sob medida?

Gosto de fazer as duas fórmulas porque têm. O sob medida é uma coisa mais personalizada, tenho a oportunidade de conversar com a pessoa, de ajudá-la a montar uma imagem para um dia específico, é muito prazeroso. Já no pronto a vestir eu consigo meter um pouco mais de cunho pessoal. O pronto a vestir é totalmente aquilo que sou, que visto e o que gosto. Então, são as duas vertentes diferentes, mas as duas fazem parte de mim.

Quais continuam a ser as maiores dificuldades na hora de produzir?

Continuo com dificuldades na matéria prima, em Angola penso que todos os criadores têm, principalmente quando queremos coisas fora do comum, que fujam do "corriqueiro". Portanto, tenho que mandar vir de fora quase tudo que usamos. Só compro no mercado nacional quando tenho alguma urgência e não tenho stock.

(Leia a entrevista integral na edição 614 do Expansão, de sexta-feira, dia 5 de Março de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)