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95 bancos públicos de desenvolvimento africanos pedem ajuda para financiar economias com pesada dívida

A uma semana da cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas

A uma semana da Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas, em Paris, os responsáveis pelos 95 bancos públicos de desenvolvimento, sediados em África, lançaram esta quinta-feira, um apelo de ajuda internacional, para fazerem face aos "enormes obstáculos", determinados pelas debilidades endémicas do continente agravadas pela pandemia da Covid-19.

Cientes do seu "papel no sistema financeiro africano", o apelo das instituições surge depois da reunião organizada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e pela Associação Africana de Instituições de Desenvolvimento Financeiro, a partir de Abidjan,

"Estes incentivos são um mandato mais claro sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável", refere a nota final do encontro, enviada à Lusa, que aponta ainda a necessidade de "mais acesso a recursos concessionais e um reforço do nosso capital, e a possibilidade de beneficiar da emissão de Diretos Especiais pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)".

As 95 instituições financeiras recordam a "posição única para dar apoio financeiro efetivo, incluindo a mobilização do investimento privado e das poupanças internas", mas deparam-se com "grandes obstáculos", para desenvolver medidas que ajudem a fazer frente "aos impactos das alterações climáticas e fortalecer ainda mais o sector privado africano, nomeadamente na gestão eficaz dos riscos".

O financiamento dos programas de desenvolvimento por parte de quase uma centena de instituições fica em risco, atendendo que os países africanos, para além do "enorme défice de investimento", têm que gerir os "pagamentos da dívida, que pesa significativamente na sua capacidade de financiar os programas de desenvolvimento", alertam os bancos.

O comunicado emitido cita o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, que refere o investimento que os bancos africanos têm pela frente no que diz respeito à inclusão financeira, que pretende chegar a todo o continente e atingir o patamar de sistema unificado "especialmente para os que não têm conta bancária e expandir o acesso às finanças, poupanças e produtos e serviços de seguradores".

Recorde-se que a pandemia da Covid-19 levou a uma recessão histórica de 2,1% no continente em 2020, que ameaça os ganhos alcançados durante a última década relativamente aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento considera que em causa está a recuperação económica do continente e a estabilidade dos mercados financeiros a curto e médio prazos, recordando "a situação da dívida para os países africanos, sem uma resolução dos 700 mil milhões de dólares em dívida externa africana".

"Pensem no impacto que esta dívida está a ter: em 2019, África pagou 221 mil milhões de dólares em serviço da dívida, o que representa 44% da receita total dos governos, de 501 mil milhões de dólares nesse ano", disse o banqueiro.