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Opinião

Vacinas

Editorial

Na corrida para a recuperação económica, os países que mais rapidamente conseguirem imunidade de grupo, através da vacinação, irão sair à frente. A China, onde curiosamente tudo começou, já iniciou a retoma.

Os países mais ricos, que compraram ou produziram grande parte das doses disponíveis no globo, também já fazem contas no verde para 2021. Os mais pobres, como sempre acontece, vão começar a prova com várias voltas de atraso. A diferença entre os maiores e os mais pequenos vai acentuar-se com a pandemia. E também fica para a História que os discursos de solidariedade, são isso mesmo, discursos.

E, infelizmente, nós estamos nesse grupo. Nós e toda a África, que sem capacidade de produção e distribuição, dependente da solidariedade dos outros ou de preços de mercado acima das suas possibilidades, continua à espera. A esperança podia vir do levantamento temporário da propriedade intelectual, porque, mesmo sem muitos laboratórios ou tecnologia implantada, tinha pelo menos uma porta para "arranjar" uma solução. Mas já se percebeu que isso a acontecer só no final, quando as nações do norte do planeta já tiverem concluído os seus planos de imunização e, por isso, estão dispostos a fazer solidariedade com excedentes. Por isso, as palavras do presidente norte-americano e do presidente chinês que estão de acordo com esta medida são isso mesmo, palavras. Porque se o interesse fosse genuíno, em menos de uma semana a questão estaria resolvida, porque os seus países são também fabricantes.

O mesmo se passou agora na cimeira em Paris, com Emanuel Macron a defender que África tinha de produzir vacinas, que podia concentrar-se este projecto na África do Sul, que ia criar-se um fundo de apoio, etc., etc...Mas não foi dado um único passo concreto neste sentido. Continuam a ser apenas discursos de boas intenções. Cada um está a "salvar" a sua gente, o que não deixa de ser legítimo, mas é incoerente face às palavras bonitas usadas nas cimeiras. Resta-nos aprender e tirar as respectivas lições.