Operadoras de TV por assinatura queixam-se de furtos de equipamentos
Regulador reconhece que há queixas de furtos de equipamentos. Operadoras dizem que INACOM pouco faz para travar o avanço da pirataria. Prejuízos financeiros avultados para as operadoras penalizam a qualidade do serviço.
As operadoras de televisão por assinatura não enfrentam apenas a crise e a pirataria, queixam- -se também de furtos de material e uso indevido das infra-estruturas colocadas ao longo do percurso até chegar à residência dos clientes, acusando os piratas de serem os autores destes roubos.
Estes furtos têm visado equipamentos para a melhoria da qualidade e expansão dos serviços, o que tem "causado prejuízos financeiros avultados" por se tratar de material importado com alguns milhares em divisas, estando em causa a quebra de serviço aos clientes e atrasos na instalação de novos assinantes.
As operadoras reforçam que o fenómeno tem agravado o estado de degradação da confiança dos subscritores das operadoras, pois a ideia com que se fica "é que os serviços contratados não têm qualidade". Apesar deste tipo de crimes inibir o investimento em equipamentos e a expansão dos serviços, as operadoras referem que têm vindo a fazer um esforço financeiro enorme para a reposição dos serviços e para aumentar a qualidade do sinal.
De acordo com uma das operadoras, é difícil estimar em números o prejuízo causado. Contudo, acredita que a situação é muito "grave quando se pensa que estes roubos estão a financiar uma actividade paralela que é ilegal e que não paga impostos e nem gera riqueza para o País". Estes crimes são cometido há anos com "alguma conivência da polícia nacional", de acordo com outra operadora. "Quando há intervenção das forças da ordem os resultados não são satisfatórios", queixa-se.
Há queixas no INACOM
As operadoras confirmam que têm notificado as autoridades competentes sobre a ocorrência de diversos furtos e uso indevido do sinal de TV. O regulador tem conhecimento das ocorrências, mas pouco ou nada tem vindo a fazer. De acordo com fonte do Expansão ligada ao INACOM, o regulador reconhece haver apresentação de queixas por parte dos operadores e que há pirataria nos serviços de televisão por assinatura. E, sem abrir muito o assunto, garante que o regulador "está a elaborar um programa abrangente com foco na sensibilização e criminalização" para tentar travar o avanço destes crimes.
É possível assistir nos bairros onde os piratas têm maior força o emaranhado de fios seguir o mesmo percurso dos da rede pública de electricidade, assim como os fios de outros serviços, podendo elevar os riscos de electrificação e facilitar o uso de equipamentos e infraestruturas das operadoras.
Recorde-se que o sector perdeu mais de 270 mil assinantes entre o final de 2020 até ao III trimestre de 2021, por causa da crise e aumento de oferta de serviços de televisão ilegal, também designada por TV Cabo comunitária.