Vendas de viaturas novas afundam 43% para 3.228 até ao 3.º trimestre
O histórico indica que o agravamento da crise financeira e económica afectou as vendas de carros novos em Angola, onde os veículos chineses tomam conta das estradas e as marcas tradicionais estão a ser relegadas para segundo plano. O ambiente macroeconómico está a retrair o mercado de venda de veículos.
As vendas de carros novos nos primeiros nove meses do ano valem apenas 46,2% do total dos veículos vendidos no ano passado, um afundanço de 43%, para 3.228, relativamente às 5.657 viaturas vendidas até ao 3.º trimestre de 2023.
Segundo as contas do Expansão, entre Janeiro e Setembro de 2024, foram vendidas apenas 3.228 viaturas contra os 6.982 carros vendidos em todo o ano de 2023. Os indicadores ora divulgados pela Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (ACETRO) indicam uma retracção do mercado automóvel das marcas tradicionais, o que antevê um ano bastante difícil para o sector.
A crise macroeconómica e cambial, associada às oscilações do preço do petróleo no mercado internacional, justificam as baixas vendas dos carros novos, tendo em conta a desvalorização da moeda nacional. A alta dos preços dos automóveis e a inflação também são apontados como factores inibidores do aquecimento do mercado automóvel.
Os concessionários acreditam que o ambiente macroeconómico do País está a obrigar os angolanos a estabelecer prioridades e a evitar gastos como por exemplo com a compra de automóveis. Ainda sobre a retracção das vendas de veículos novos, como indicam os mapas de vendas da ACETRO, outra fonte revela que as incertezas sobre a evolução da economia, no curto prazo, também estão a impactar as contas das famílias e sobretudo da classe média que encontra cada vez mais dificuldades em adquirir bens duradouros, como é o caso de viaturas.
Para já, os indicadores apontam uma inversão no crescimento do mercado. Se as vendas continuarem como as registadas no fecho do terceiro trimestre deste ano, ficam descartadas as projecções de crescimento e do optimismo do sector que indicava um ano de crescimento do mercado automóvel em Angola em termos de vendas. Em termos globais, entre Janeiro e Setembro, as concessionárias venderam 3.228 viaturas, das quais 71%, ou seja, cerca de 2.283 são carros ligeiros de passageiros.
A associação, que conta agora com apenas 21 empresas autorizadas, metade das 40 que existiam em 2021, representa 36 construtores tradicionais de automóveis, como a Toyota, Suzuki, Hyundai, Renault, Nissan, Land Rover, Volvo e muito mais. Face aos indicadores macro-económicos do ano passado, as concessionárias projectaram um 2024 muito optimista, mas a forte desvalorização do Kwanza, que se regista desde Maio de 2023, está a afundar as perspectivas de um mercado que estava em recuperação desde 2021. Tudo indica que este ano será muito difícil para o sector automóvel, tendo em conta os números divulgados no terceiro trimestre.
Recordar que os indicadores estão muito longe das vendas registadas em 2014, o melhor ano de sempre para o sector automóvel, já que a ACETRO vendeu mais de 44 mil viaturas. Embora tenha sido o ano do início da crise em Angola, o verdadeiro impacto só foi sentido em 2015, quando os dados registados apontaram que naquele ano apenas foram vendidos 20.584 carros novos. O histórico indica que o agravamento da crise financeira e económica afectou as vendas de carros novos em Angola, onde os carros chineses tomam conta das estradas nacionais.
Leia o artigo integral na edição 802 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui.