Fundo de Pensões da Sonangol e Noble Group entraram na estrutura accionista da ENSA
A entrada do fundo de pensões e da empresa de origem indiana estava guardada a "sete chaves", com o "segredo" a ser agora destapado pelo relatório e contas de 2024 que os accionistas da ENSA vão apreciar a 10 de Abril.
O Fundo de Pensões da Sonangol e a empresa Noble Group entraram no capital social da ENSA Seguros no âmbito do processo Oferta Pública Inicial (OPI) que decorreu no final de Outubro do ano passado, quando o Estado dispersou 30% do capital que detinha na seguradora. Ambos surgem agora com participações qualificadas de 6,838% e 6,830%, respectivamente, de acordo com o relatório e contas da ENSA, que será levado à Assembleia Geral prevista para 10 de Abril, apurou o Expansão.
O fundo de pensões dos trabalhadores da petrolífera é gerido pela Sonangol Vida, que também gere as pensões da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e que, em 2023, geria fundos no valor de 38.183 milhões Kz, tendo sido o fundo fechado que mais tem crescido no mercado nacional.
Já a Noble Group SA é um grupo de multi negócios de origem indiana, que investe em imobiliário, importação e distribuição de bens de consumo, automóveis, electrónicos, alimentos e farmacêuticas em Angola. Possui uma rede de 60 lojas, cinco armazéns centrais, cinco estabelecimentos de caixa e transporte e 20 furgões de distribuição/cash disponibilizam os requisitos diariamente em 13 províncias.
Quando foram revelados os resultados da OPI, pela BODIVA, a 30 de Outubro, foi apenas anunciado que a procura pelas 720.000 acções da seguradora vendidas em mercado primário teve um rácio sobre a oferta de 174,5%, permitindo ao emitente arrecadar 8.973,7 milhões Kz e que foram "observados os critérios de rateio nos termos do prospecto para que todos os 1.115 investidores que submeteram ordens válidas fossem contemplados na alocação.
Assim, desde essa altura, a estrutura accionista da seguradora passou a ter três participações qualificadas, uma delas constituída pelo Estado (representado pelo IGAPE), com 70,0% das acções (1.680.000 acções), outra pelo Fundo de Pensões da Sonangol com 6,8% (164.121 acções), e outra pelo Noble Group com cerca de 6,8% (163.930 acções). Foram também apurados, como titulares de participações não-qualificadas, 1.234 novos accionistas, pessoas singulares e pessoas colectivas, titulares, no seu conjunto, de 16,3% do capital social e dos direitos de voto.
A OPI previa que 2,0% das acções da seguradora seriam destinadas aos trabalhadores, pelo que, segundo o relatório a que o Expansão teve acesso, PCA, PCE e administradores executivos e não executivos, num total de 7 pessoas, ficaram com quase 1,5% das acções da empresa. As administradoras executivas Amália Quintão Barbosa, com 0,417%, e Matilde Guebe, com 0,378% e o PCE Mário Mota Lemos, com 0,308%, foram, dentro da administração, os executivos que mais compraram acções da seguradora.
Sendo o Estado accionista maioritário, a ENSA continua no regime do sector empresarial público e o seu accionista com poderes de decidir uma próxima eventual privatização, parcial ou total, das suas participações.
No dia 10 de Abril deste ano a empresa vai realizar a Assembleia Geral Ordinária para deliberar sobre o relatório de gestão e as contas do exercício de 2024, deliberar sobre a proposta de aplicação dos resultados do exercício, vão ainda apreciar o desempenho da administração e da fiscalização no exercício de 2024, bem como deliberar sobre o Relatório de governo societário do exercício. Vai ainda deliberar sobre o relatório da comissão de remuneração dos órgãos sociais e a implementação das suas recomendações.
Lucros dispararam 52%
A seguradora apresentou um resultado líquido de 8,1 mil milhões Kz em 2024, o que representa um crescimento de 52% face aos quase 5,3 mil milhões de 2023. Também o volume de Prémios Brutos Emitidos (PBE) cresceu 28% para 123,6 mil milhões Kz. Deve- -se "em grande parte aos ramos Saúde, Acidentes, Avarias de Máquinas e de Petroquímica, cujo aumento foi maioritariamente influenciado pela depreciação do Kwanza registada no período, entre outras causas".
Quanto às indemnizações, registou uma diminuição de 39% para 32,08 mil milhões Kz. Esta redução foi impulsionada sobretudo pela redução das provisões para sinistros pendentes no ramo petroquímico.