O volume de negociações na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) cresceu 7,5% para 1,3 biliões Kz (cerca de 1,4 mil milhões USD) no primeiro trimestre deste ano, face aos 1,2 biliões Kz registados do mesmo período do ano passado. Contas feitas, as negociações aumentaram 90 mil milhões Kz, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios da Bodiva.

Este crescimento deve-se, essencialmente, ao aumento dos títulos de dívida pública negociados na bolsa, já que estes representam 99,9% das negociações da BODIVA.

As operações com obrigações de tesouro em Moeda Externa (OT-ME) foram as que mais cresceram em termos de volume, ao passar de 10,8 mil milhões Kz para 531,0 mil milhões (+520,3 mil milhões), seguido dos Bilhetes do Tesouro (BT) que dispararam 1.445% para 23,9 mil milhões Kz e das obrigações indexadas (OT-TX), que mais do que duplicaram para 1,8 mil milhões Kz (+709,5 milhões). Já as operações com obrigações do tesouro não reajustáveis (OTNR) caíram 38% para 731,3 mil milhões Kz. Juntos, estes instrumentos de dívida pública cresceram 7%, praticamente a mesma proporção que as negociações totais.

Tirando a dívida pública, restam apenas dois instrumentos: as unidades de participação dos fundos de investimentos (UP) e as acções. As UPs, que valem apenas 0,01% das negociações em bolsa, registaram uma queda de 24%, ao passar de 109,9 milhões Kz para 83,6 milhões Kz, menos 26,2 milhões Kz.

Já as acções dispararam 624% para 780,6 milhões Kz (mais 672,8 mil milhões). O aumento das negociações no mercado de acções deve- -se, sobretudo, à entrada em bolsa de duas empresas, nomeadamente, a ENSA e a BODIVA, em Setembro e Dezembro do ano passado, respectivamente, o que elevou o volume de negociações neste segmento de mercado, quando no primeiro trimestre do ano passado, por exemplo, só haviam duas empresas cotadas (o BAI e o BCGA).

Ainda assim, as acções valem apenas 0,01% das negociações da bolsa, o que significa que sem os títulos de dívida pública a bolsa de valores não tem expressão. E a culpa é do baixíssimo volume de investidores nacionais na bolsa de valores, da ausência dos grandes investidores institucionais estrangeiros, mas também do baixo grau de educação e literacia financeira que não permitem ao mercado de bolsa de acções crescer de forma mais acelerada.

Ainda assim, as acções são consideradas dos instrumentos rentáveis do mercado de capitais. Um dos factos que confirma a qualidade do investimento em acções tem a ver com a forma como o valor das cotações evoluiu, tendo em conta também que as empresas cotadas têm estado a distribuir dividendos.

Apesar de algumas descidas pontuais, existe um claro caminho para a sua valorização, sustentado pela análise dos preços das acções. Assim, as acções do BCGA foram os mais valorizaram, ao registar um crescimento de 32% para 16.499 Kz, face aos 12.500 do fim de Dezembro, numa média de 14.652 Kz durante o período em análise. Já as acções do BAI que foram negociadas a um preço médio de 58.320 Kz valorizaram 9% para 60.000 Kz, seguida da BODIVA que registou uma valorização de 2%, ao passar de 23.000 Kz para 23.400 Kz. As acções da ENSA fixaram-se nos 19.000 Kz, registaram uma variação de 0%.

BNA, BFA capital markets e Áurea lideram negociações

Como de costume, o Banco Nacional de Angola (BNA) foi a instituição que negociou o maior volume de transacções entre os membros BODIVA. O banco central transaccionou 854,mil milhões Kz, detendo, assim, 35,1% dos montantes negociados na bolsa.

Segue-se a BFA Capital Market, sociedade distribuidora de valores mobiliários do grupo BFA (20,4%) e a distribuidora AUREA (17,4%). Contudo, no primeiro trimestre foram realizados 149 eventos de distribuição de rendimentos, 130 pagamentos de cupão, 18 resgates e 1 pagamento de cupão das obrigações corporativas da Sonangol.

Edição 826 do Expansão, de Sexta-feira, dia 16 de Maio de 2025