Primeira mina de cobre em 53 anos vende 1 ano de produção por 37 milhões USD
A mina situada na província do Uíge vai produzir concentrado de cobre, um produto que serve de matéria-prima para a indústria de produção de cabos eléctricos e outros produtos utilizados na construção civil e electrónica.
A inauguração da mina de Tetelo, localizada na província do Uíge, município de Maquela do Zombo, está prevista para a próxima quarta-feira, dia 29 de Outubro, depois de um investimento global que vai atingir cerca de 400 milhões USD. A produção de concentrado de cobre deve começar a ser entregue ao mercado nos primeiros meses de 2026 e já tem comprador: a multinacional anglo-suiça Glencore, que pagou 37 milhões USD por um ano de carregamentos. Angola não produz cobre desde 1972.
"O facto de termos celebrado um acordo com a Glencore significa muito, porque eles chegaram- -se à frente para fazer um aporte financeiro significativo. Estamos a falar de 37 milhões USD por algo que só vai ser entregue no próximo ano. Optámos pela Glencore numa disputa contra a Trafigura", explica Rui Lopes, director- -geral adjunto da empresa promotora do investimento, a Shining Star Icarus, uma entidade de direito angolano que agrega investidores nacionais (com 49% do capital) e chineses (51%).
"O cobre, como commodity, tem empresas específicas de trading. Nós estamos abertos a trabalhar com mais parceiros, o que significa dizer que, antes do final do contrato com a Glencore, estaremos abertos a receber novas propostas. Este contrato foi vantajoso para nós porque existiu uma sinalização de boa vontade, o que permitiu fazer um encaixe financeiro para investir no próprio projecto. Estamos abertos para o mercado", disse Rui Lopes.
Esta licença de exploração tem um prazo de 25 anos e o estudo de viabilidade aponta para reservas de 15 anos. A empresa conta actualmente com 1.523 trabalhadores (40% são expatriados). Sobre o próximo passo, que é a inauguração da mina e o início da produção de cobre, o gestor considera que "no dia 29 é o culminar de 15 anos de trabalho, com a inauguração do projecto mineiro de exploração e beneficiamento do minério de cobre para a produção de concentrado de cobre".
O concentrado de cobre serve de matéria-prima para a indústria de produção de cabos eléctricos e outros produtos utilizados na construção civil e electrónica.
"O investimento chegará aos 400 milhões USD, de forma faseada. Vamos começar a operação com uma mina a céu aberto, que vai permitir, nesta primeira fase, extrair até 4 mil toneladas de cobre por dia e 300 toneladas de concentrado de cobre", assinala Rui Lopes durante uma conversa com o Expansão durante a Conferência Internacional de Minas de Angola, que decorreu quarta e quinta-feira, em Luanda.
Numa segunda fase, que começa a partir do segundo semestre do próximo ano, entrará em funcionamento a mina subterrânea, que está localizada a 1.600 metros de profundidade. Outros minérios O objectivo da Shining Star Icarus é tornar-se "uma powerhouse da mineração em Angola" e o seu radar não está apenas na produção de cobre.
"A ideia é expandir-nos. A nossa área de concessão é enorme", assegura Rui Lopes, que partilha mais alguns pormenores sobre a estratégia seguida pela empresa: "Neste preciso momento, por questões de confidencialidade, não posso partilhar mais informações, mas estamos em conversações avançadas com uma das big majors, no sentido de expandirmos a actividade de prospecção dentro do nosso projecto".
A Shining Star foi criada em 2021 e associou-se à Sociedade Mineira de Cobre de Angola, que tinha sido registada em 2010. Por sua vez, a Sociedade Mineira de Cobre de Angola é fruto de outra empresa que foi criada em 2003.
"Temos aqui mais de 20 anos de actividade mineira. O que mudou foram as denominações face, obviamente, às parcerias estratégicas que foram sendo celebradas. Apesar de a Shining Star ter sido criada em 2021, com a entrada do parceiro chinês, todo o trabalho de avaliação geológica começou em 2009", conclui Rui Lopes.
A mina de Tetelo foi explorada ainda durante o período colonial, mas a produção foi abandonada em 1972 devido a questões de viabilidade económica e acesso a tecnologia, segundo fontes ligadas ao sector mineiro.
Com a evolução tecnológica e, mais recentemente, a produção de energias limpas e a transição energética, a procura global por cobre disparou para níveis históricos.











