Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

Sócios da Catoca "escondem" valor da venda da participação da Alrosa

NOVA ESTRUTURA ACCIONISTA DA SOCIEDADE MINEIRA DE CATOCA

Para já não se sabe quando a Endiama pagou à Alrosa pelos 41%do capital da Sociedade Mineira de Catoca, nem quando a Taaden pagou à Endiama por estas acções. Os russos e os novos accionistas nunca se reuniram, foi a empresa nacional que negociou separadamente com as duas partes. Envolvidos e ministério não revelam os valores.

Três semanas após o Expansão ter avançado que os russos da Alrosa já não sairiam do capital da Catoca, informação confirmada por uma fonte do governo, o negócio volta a dar uma volta de 360º e, pelos vistos, vai mesmo acontecer, olhando para os "timings" estabelecidos pelas autoridades angolanas. Há cerca de dois anos, o Expansão escreve que os russos estariam à disposição de sair desde que recebessem a compensação financeira que achavam justa, sendo que foi esta questão do valor a pagar que arrastou a situação durante este tempo. Não havia um entendimento entre o governo angolano e o governo russo, este assunto foi tratado ao mais alto nível, mas as sanções que pesavam sobre a comercialização dos "nossos" diamantes em alguns mercados fundamentais foram o factor de pressão que levou à solução final.

Depois de um primeiro anúncio que seria a Taaden a ficar com o capital da Alrosa, que se seguiu a viagem do presidente João Lourenço a Omã, e tendo em atenção as novas condições geopolíticas internacionais, os russos fizeram pressão para se manterem, sendo que há duas semanas, o vice-presidente russo para Indústria fez então saber que afinal havia entendimento que o processo de saída iria demorar 1 a 2 meses. Isto leva a crer que a compensação financeira que a Alrosa irá receber satisfaz os seus interesses. É importante acrescentar que a Alrosa nunca negociou com a Taadem, entregou as acções à Endiama, que agora as vai entregar à Taadem.

Mas o mistério à volta do valor da transacção comercial da participação que a Alrosa detinha na Sociedade Mineira de Catoca (SMC) mantém-se. Os novos sócios, Endiama e a Taaden, recusam-se a divulgar o montante envolvido. O presidente do conselho de administração da Taaden, Abdul Aziz al Maqbali, signatário dos acordos de partilha do capital da Catoca, disse que não revelaria o valor, porque tudo fazia parte de um acordo comercial entre as partes. O PCA da Endiama, Ganga Júnior, em Janeiro último, também recusou revelar os montantes envolvidos no negócio da transição das acções da Alrosa para a Taaden. O Expansão também tentou obter esclarecimentos deste negócio junto do ministério da tutela, obteve resposta para as questões colocadas, menos no valor da contrapartida financeira paga aos russos.

A justificativa para a não revelação dos valores do negócio (quanto pagou a Endiama à Alrosa e quanto a Teedam pagou à Endiama), dada ao Expansão pelos sócios, é que os detalhes do negócio só serão revelados mais tarde, assim que for concluído o processo. Até lá, muita água pode correr debaixo da ponte.

Para já, o acordo comercial entre as partes, ou seja, entre a Endiama e o novo parceiro, determina que a Taaden passa a deter 41% da Catoca e 49% no Luele, enquanto a Endiama fica com 59% e 51%, respectivamente, nos dois empreendimentos diamantíferos.

Ganga Júnior lembrou, por outro lado, que os acordos celebrados, esta semana, entre as duas empresas vão permitir "formalizar a transacção que vai corresponder à saída da Alrosa em algumas actividades empresariais detidas em Angola directamente na SMC, bem como do Luele pela via indirecta, porque Catoca é sócia do Luele, bem como também a saída da Alrosa da central eléctrica Hidrochicapa."

Os russos, apesar de admitirem a saída de Angola, dizem que foram forçados a aceitar o afastamento da estrutura accionista de Catoca. O processo que já se arrasta há quase dois anos, ainda não chegou ao fim, porque a decisão final poderá ser tomada na assembleia-geral extraordinária de sócios que, a princípio, deverá realizar-se no próximo dia 24 Março, e com a alteração da escritura pública, agendada para quatro dias depois da assembleia.

O Expansão confirmou que a Alrosa vai estar presente na próxima assembleia de acionistas, sendo que fonte do ministério não admite que poderá haver um surpresa de última hora, e que esta presença justifica-se "quer do ponto de vista estatutário, quer em obedeiência ao Direito Comercial, e é a forma adequada para sair da sociedade".

Leia o artigo integral na edição 818 do Expansão, de sexta-feira, dia 21 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo