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Banca perde quase 3.300 trabalhadores em cinco anos

MAIS DIGITALIZAÇÃO, MENOS BANCOS E MENOS AGÊNCIAS

A "culpa" é dos processos de reestruturação em curso na banca, liderados pelo Económico, o BPC e o BCI, bem como o encerramento de seis bancos. E à semelhança do que acontece lá fora, também o processo de digitalização, com a modernização dos sistemas de pagamento, está a arrasar o número de bancários.

A banca perdeu 3.295 colaboradores nos últimos cinco anos, ao passar de 21.349 trabalhadores em 2019 para 18.054 em 2023, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios e contas do conjunto de 23 bancos que operam no mercado bancário nacional. O ano de 2023 foi o período com o número de trabalhadores mais baixo dos últimos 10 anos.

A queda do número de trabalhadores, deve-se, sobretudo, à modernização do sector no sentido da digitalização verificada no pós-Covid, com os avanços tecnólogicos no sistema de pagamentos. Mas também os processos de reestruturação que tem ocorrido a nível da banca comercial, liderados pelos bancos Económico, BPC e BCI, têm contribuído para a diminuição dos colaboradores.

Estivem também na base da redução do número de trabalhadores nos últimos cinco anos, o encerramento de seis bancos registados nos últimos cinco anos. Os mais recentes foram encerrados em 2022, nomeadamente o BAI MIcrofinanças, depois ter perdido a dissolução voluntaria e liquidação, e o banco Prestígio, que por não cumprir com os requisitos obrigatórios ao nível dos fundos próprios regulamentares viu o Banco Nacional de Angola (BNA) "caçar-lhe" a licença. A estas duas instituições bancárias juntam-se os bancos Mais (2019), o Postal (2019), o Angolano de Negócios e Comércio, antigo BANC (2021) e o Kwanza Invest (2021), que viram as suas licenças retiradas por insuficiência da fundos próprios regulamentares e incumprimento dos mínimos de capital social.

Além disso, o número de agências e balcões, que encolheu em 347, passando de 1.845 em 2019 para 1.498 no ano passado.

"A redução do número de trabalhadores bancários deve-se aos processos de reestruturação em curso no sector. Por outro lado, a digitalização de processos de trabalho no sector, como fenómeno universal, também tem contribuído para o redimensionamento do número de bancários", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários (SNEBA), Filipe Makengo, em declarações ao Expansão.

Outro aspecto, segundo Filipe Makengo, está relacionado com processos de privatização e alienação de participações públicas que o Estado detinha em algumas instituições bancárias. "Como resultado de processos disciplinares e por inadaptação, alguns trabalhadores, viram os seus contratos rescindidos", apontou. Este é o caso do BCI, que depois de ter sido vendido ao Grupo Carrinho, no final de 2021, dispensou 549 trabalhadores no ano seguinte, mas também o BPC que entre 2020 e 2022, no âmbito do seu plano de reestruturação, viu o número de colaboradores encolher em 1.500, em que quase 500 foram despedidos por esquemas e fraudes.

Depois de o sector bancário ter atingido o pico de colaboradores em 2017, ao registar 22.313 trabalhadores naquele ano, o número de bancários não pára de cair. Assim, em 2023 o conjunto 23 bancos a operar Angola contabilizou 18.054 colaboradores, menos 305 em relação aos 18.359 contabilizados em 2022.

Entretanto, o Económico foi o banco mais que mais "despachou trabalhadores" a nível da banca nacional em 2023. O ex- -BESA, que praticamente se encontra em reestruturação desde 2014, despachou 215 colaboradores no ano passado, para um total de 630 no final do ano passado. Em seguida está o Banco de Poupança e Crédito (BPC), que registou a saída de 139 trabalhadores. Juntos, foram responsáveis pela saída de 354 colaboradores em 2023.

Enquanto alguns bancos se viram obrigados a reduzir pessoal, outros aumentaram. O banco Millennium Atlântico (BMA) foi a instituição bancária que mais contratou pessoal em 2023, adicionando 44 pessoas aos seus recursos humanos, seguido pelo BIC e pelo Standard Bank Angola (SBA), que empregaram mais 31 e 30 profissionais, respectivamente.

BPC, BFA e BIC são os maiores empregadores

Apesar do número de trabalhadores da instituição estar a reduzir, ainda assim, o BPC lidera a lista dos maiores empregadores da banca com 3.491 colaboradores no final de 2023. O banco liderado por Cláudio Pinheiro (PCA) detém 19% do total de trabalhadores da banca. Segue-se o BFA (2.661), BIC (2.155), BAI (1.909) e SOL (1.659). Juntos compõem o top 5 dos bancos que mais empregam e detêm 66% do total de empregados do sector.

Leia o artigo integral na edição 780 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Junho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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