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Clientes acusam empresa com licença suspensa pelo BNA de cobrança abusiva

SOCIEDADE DE MICROCRÉDITO AVANÇA NA VIDA

O regulador, o Banco Nacional de Angola (BNA), suspendeu a licença da sociedade de microcrédito por incompatibilidade no board, o que fez disparar o incumprimento por parte dos clientes. Responsável do aplicativo reconhece que os agentes de cobranças são "agressivos" nas cobranças.

Clientes do Avança na Vida - Sociedade de Microcrédito acusam a empresa de empréstimos online de fazer cobranças abusivas e de recorrer a ameaças aos incumpridores, apesar de estar com a actividade suspensa pelo supervisor, o Banco Nacional de Angola (BNA).

A manifestação da alegada postura abusiva do aplicativo começou a ganhar força nos últimos três meses antes da suspensão, no final de Novembro, da licença da sociedade de microcrédito por incompatibilidade no board da empresa, que já opera há 9 meses no mercado e é pioneiro no serviço financeiro de microcrédito totalmente digital. "Isso é muito abuso, têm ultrapassado os limites. Quem lhes deu o direito de ligar às pessoas às 23 horas para cobrarem o reembolso do crédito? Uma empresa que se diz séria não liga aos clientes a meio da madrugada", pode ler-se em uma das várias conversas no Whatsapp entre clientes do aplicativo e agentes de cobrança de crédito do Avança, a que o Expansão teve acesso.

Noutra conversa, o agente de cobrança ameaça o cliente que está em incumprimento: "esse é último lembrete. Tem 24 horas para efectuar o pagamento da sua dívida. Já tolerámos muito as tuas desculpas ... estamos na recta final do ano, se continuar assim não vai terminar bem, vamos ligar para todos os contactos alternativos".

Ao que Expansão apurou, os números utlizados a partir do aplicativo de mensagens WhatsApp não apresentam fotografias ou identidade do aplicativo criado pelo cidadão nigeriano Offiah Izuchukwu Pascal e pelo empreendedor angolano Wilson Ganga. "São vários números e completamente estranhos, não consigo dormir, ligam a toda hora e muitas vezes com ameaças a mim e à minha família, Não sei o que fazer" disse uma cliente no desespero através de um áudio enviado ao Expansão. O Expansão solicitou esclarecimentos a um dos accionistas, Wilson Ganga, que desvalorizou as acusações, considerando não haver provas de que os agentes de cobrança estão a ameaçar os clientes em incumprimento.

"Existem indivíduos fraudulentos que criam perfis falsos em redes sociais e enviam mensagens intimidatórias com o objetivo de enganar os clientes e induzi-los a realizar pagamentos para contas bancárias pessoais. Este é um problema sério, que estamos a combater com rigor, trabalhando em colaboração com as autoridades para identificar e responsabilizar os autores destes actos ilícitos", refere. Entretanto, dito por não dito, acrescenta que "os agentes da empresa são apenas agressivos" na cobrança. "Sabemos que o angolano não gosta de ser cobrado. Por isso incomodamos os clientes para cumprirem com as prestações. Nós sabemos das dificuldades financeiras dos angolanos", admite. O mecanismo que o aplicativo usa para monitorar e gerir os devedores são as informações actualizada de cada cliente, através de aplicação específica usada pelos agentes, o que garante um rastreamento eficaz e minimiza os riscos de incumprimento, explicou o empresário.

Entretanto, o Expansão sabe que vários dos incumpridores não estão a fazer os pagamentos por terem conhecido que o BNA suspendeu a licença da empresa que, apesar de estar obrigada a suspender a actividade, continua a encetar as cobranças.

Suspensão da licença

Em comunicado, o BNA justifica a suspensão da licença da sociedade de microcrédito por "inobservância das normas sobre o registo especial junto do organismo de supervisão".

Em termos práticos, o registo especial é a condição para o início de funções dos membros dos órgãos sociais de administração e fiscalização das instituições financeiras (como os bancos), sem o qual estas não podem iniciar actividade, de acordo com artigo 120º do Regime Geral das Instituições Financeiras (Lei n.º14/21).

Segundo a lei, a empresa tem de apresentar uma lista de candidatos ao board de comprovada idoneidade, qualificação profissional e independência, que é avaliada depois pelo BNA. Depois da eventual aprovação, os membros dos órgãos sociais devem ser registados junto da Conservatória do registo comercial.

Leia o artigo integral na edição 806 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Dezembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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