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Startup Arotec quer lançar um drone feito em Angola e por angolanos

DEPOIS DO AROBOT E DO ROBÔ HUMANOIDE

A Arotec nasceu do espírito empreendedor de oito jovens, sendo que se mantém em funcionamento há quatro anos, tendo atingido um ponto de auto-suficiência. Precisam de financiamento para completar os seus projectos, mas isso não lhes retira a vontade de continuar a diversificar as suas áreas de actuação na robótica.

A startup Arotec surgiu em 2019 depois do campeonato do mundo de robótica que realizou nos Emirados Árabes Unidos, sem qualquer financiamento, apenas com o capital dos oito integrantes e os apoios institucionais que foram recebendo. Quatro anos depois já tem uma facturação de 20 milhões Kz, faz robôs, implantou um serviço de modelagem 3D e ensina robótica numa Academia que, entretanto, pôs em funcionamento.

Mas o grande sonho é construir drones made in Angola, sendo que já deram os primeiros passos, pois estão a modelar os modelos, mas faltam agora as placas electrónicas (arduinos), que são feitas por empresas estrangeiras, para poderem funcionar. Em termos práticos, a startup localizada no Kilamba Kiaxi aponta um prazo de pelo menos dois anos para ter o drone a voar, sendo que nesta altura já estão a modular toda parte mecânica dos drones.

As placas electrónicas e micro controladores estão, nesta altura, em fase de desenvolvimento. Durante este ano a Arotec está apostada em criar capacidade de impressão e fabrico de PCBs, que são fundamentais para iniciar a fabricação dos arduinos.

"Nos já imprimimos drones, mas ainda não fabricamos as placas. Estamos a estudar e a fazer vários testes. Quando descobrirmos a fórmula certa vamos lançar os drones," explica Irene Carindi, cofundadora da startup Arotec.

Os robôs são os principais activos

O robô Arobot da Arotec é a principal imagem da empresa. É uma espécie de uma motorizada Kupapata em miniatura, que tem sensores ultra-sónicos e seguidores de linha, e que lhe permitem desviar-se de obstáculos a 20 cm e também andar em linha.

A ideia do Arobot nasceu para ajudar a locomoção de pessoas com deficiências visuais, não tendo ainda alcançado esse objectivo porque são necessárias implantar melhorias e adaptações. No entanto, o protótipo é usado na academia da empresa para ensinar os princípios básicos da robótica. "Os Arobot são usados para as crianças aprenderem um pouco sobre a robótica, mecânica e electrónica, sendo um kit disponível para venda no valor de 29 mil Kz," de acordo com Irene Carindi.

"Ainda não apresentámos este projecto às instituições que nos podem ajudar a transformar este robô. O Arobot não está totalmente acabado. Apesar de já funcionar, continua a ser estudado todos os dias", explica a responsável da administração da AROTEC, Elvira Cândido Fernando.

Ainda assim tem permitido levar a ciência dos robôs aos jovens estudantes. Foi também a "engenhoca" que levou a Arotec a ser nomeada para o prémio África 2023 para Inovação em Engenharia, fundado pela Royal Academy of Engineering do Reino Unido, que distingue os principais empreendedores do continente e as suas tecnologias pioneiras destinadas à reabilitação ambiental, educação, saúde e segurança humana.

Outro dos projectos da Arotec é o robô humanoide da startup, que venceu o Unitel Go Challenge 2022, e na prática é um robot vocacionado para a recolha de informação. É usado para prestar serviços em eventos, como na recepção dos convidados e na recolha de informação para as empresas. A firma recebe também a solicitação para fabricação de robôs ao gosto do cliente, refere Irene Carindi, explicando que o modelo pode ser adaptado a cada uma das organizações.

A Arotec está também a desenvolver um programa com a Unitel, um dos seus parceiros principais, designado Code Drones, uma formação que decorre durante três dias, e onde se ensina às crianças o básico sobre criação e manipulação de drones, contribuindo assim para a literacia tecnológica da população. A empresa tem também a ambição de desenvolver próteses ortopédicas, que já começaram a ser impressas, mas faltam outros componentes e estudos na medicina.

De acordo com Irene Carindi, mais de 80% da matéria-prima para a fabricação de robôs e material da academia são importados dos Estados Unidos da América. A ausência de indústrias no mercado nacional que fabriquem componentes para estes tipos de artefactos é também um handicap para o crescimento mais rápido do projecto, que continua a consolida-se.

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