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Três em cada 10 carros novos e usados importados vieram da Índia

IMPORTAÇÃO GLOBAL DE VIATURAS EM 2023

As importações de veículos novos e usados ganharam fôlego em 2023. As marcas indianas e chinesas, com preços mais baixos, estão a relegar para segundo plano as marcas tradicionais. Os Emirados ficaram na terceira posição e a Bélgica foi o maior exportador europeu de carros novos e usados para Angola.

A importação de veículos automóveis, no ano passado, mudou e a Índia tornou-se no maior fornecedor de carros novos e usados do País, destronando o mercado chinês que em 2022 foi o grande abastecedor de Angola. No ano passado, por cada 10 carros novos e usados que entraram no País, três vieram da Índia.

Contas feitas com base nos dados da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA), em 2023 foram importadas 35.054 viaturas novas e usadas, um aumento de 7,5% face a 2022, quando foram importados 32.619 veículos.

Dessas 35.054 viaturas importadas, vieram 10.167 carros da Índia, o equivalente a 29,0% do total de automóveis que entraram nos portos angolanos.

A ascensão da Índia ao topo dos maiores fornecedores de carros para Angola, para muitos especialistas, tem a ver com a importação de veículos comerciais utilizados no transporte de mercadorias do campo para os grandes centros comerciais. A marca Mahindra é a que domina as vendas de carros indianos em Angola.

A subida da Índia não significa apenas que o consumidor angolano procure mais por viaturas com preços mais acessíveis do que aqueles que são praticados pelas marcas tradicionais, mas por ser um fornecedor de veículos, segundo apurou o Expansão, que se adaptam à realidade das estradas angolanas. Entende-se por esta subida no topo dos maiores fornecedores de carros em Angola, como um indicador de que grande parte dos veículos automóveis foram importados dentro dos programas do Governo de apoio ao escoamento de produtos.

Embora se tenha registado um ligeiro aumento na importação de viaturas novas e usadas em 2023, para 2024, de acordo com a Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (ACETRO), os números da importação de veículos não são promissores. A culpa é da depreciação do kwanza.

Os operadores do sector automóvel acreditam que a crise cambial, que se arrasta deste Maio de 2023, vai piorar o quadro e agravar as importações, esperando- -se, para já, por uma queda acentuada na importação de carros novos e usados em 2024, isto porque o balanço dos primeiros três meses deste ano feito pela ACETRO indicam um futuro com algumas zonas cinzentas.

Fontes do Expansão avançam que enquanto o kwanza estiver desvalorizado ao nível de hoje, é expectável que haja redução na procura por viaturas novas e usadas e consequentemente os operadores não tenham muita margem para aumentar as importações. Só para se ter uma ideia, o presidente da ACETRO, Nuno Borges, em declarações ao Expansão, disse recentemente que o mercado automóvel para carros novos vai registar uma quebra de 25% este ano, contrariando os indicadores de recuperação registados no ano passado, uma realidade que também não deve escapar do mercado de usados. Explicou, por outro lado, que em 2023 a recuperação registada criou expectativas e projecções animadoras e o aumento da confiança dos concessionários, mas as vendas do primeiro trimestre deste ano revelaram o inverso e agora antevê-se mais uma crise no sector automóvel. A justificação é mesma: a crise cambial.

Outra fonte do sector indicou que o mercado automóvel angolano chegou a níveis aceitáveis em 2023 e até já se falava num ciclo de recuperação, que não deverá acontecer este ano. E lembra, no entanto, que em relação à importação de carros da Índia existem ainda "muitas zonas cinzentas no negócio praticado em Angola e é preciso saber quem importou os carros indianos".

China em segundo plano

Por outro lado, durante o ano de 2023, a quota de veículos automóveis com origem na China representou 25,0%, com um total de 8.752 unidades. Contas feitas, quase três em cada 10 carros novos e usados, importados no ano passado, vieram da China o que atira o gigante asiático para o segundo plano de fornecedores de veículos automóveis para Angola. Entretanto, a importação de viaturas da China, segundo fontes do Expansão, não quer dizer necessariamente que são concessionárias chinesas que depois fazem a comercialização em Angola, uma vez que há marcas daquele país asiático comercializadas por empresas de outros países. O mercado oficial é muito curto e está cada vez mais fragmentado por uma feroz concorrência do informal, onde se enquadra a forte concorrência de viaturas chinesas e não só, com preços que não são, para muitos operadores, "justificáveis".

Leia o artigo integral na edição 777 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Maio de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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