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Pouco mais de 200 milhões Kz "tramaram" banco do suiço-angolano Bastos de Morais

BNA revogou licença ao Banco Kwanza Invest

O dia 15 de Janeiro foi o "deadline" dado pelo Banco Nacional de Angola (BNA) aos accionistas do Kwanza Investe para injectarem pouco mais de 200 milhões Kz para garantir a continuidade das operações do banco.

Falhado esse prazo, o banco central acabou por retirar a licença ao banco de Bastos de Morais por insuficiência de fundos próprios regulamentares, requisito necessário à continuidade da actividade bancária.

No sector financeiro nacional corre a ideia que se tratou de mais um caso de "morte anunciada", isto porque os problemas do Kwanza Investe já eram conhecidos há muito tempo. Em 2015 já o banco central solicitou um plano de reestruturação com vista ao reforço da robustez e dos fundos próprios. Em 2016, depois de o banco ter entregue esse plano, o banco central solicitou alterações ao nível do modelo de governação corporativa e da estratégia de negócios. De acordo com o relatório do auditor às contas de 2017, a Deloitte, naquele ano banco estava a implementar o plano de reestruturação e aguardava aprovação da versão final desse plano por parte do banco central. Já em 2018, a fuga de quase 50% dos depósitos face a 2017 e a falta de compliance de acordo com os padrões do BNA levaram o auditor independente, a Deloitte, a duvidar sobre a continuidade do negócio do banco. Já naquela altura, a solução para a continuidade das operações passava pela venda dos 80,20% de capital que está em posse de Bastos de Morais, venda que até chegou a estar acordada com o empresário António Mosquito, segundo apurou o Expansão. Enquanto a venda não se fazia, o banco do patrão da Quantum Global a quem o ex-presidente do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), Filomeno dos Santos (antigo accionista deste banco) tinha confiado grande parte da gestão dos investimentos do FSDEA, estava obrigado a apresentar ao BNA um plano de acção com o objectivo de corrigir insuficiências ao nível da governação e de compliance.

A venda acabou por não se verificar e já em 2019, o banco continua a perder depósitos (82% em dois anos) e entrou em incumprimento com os mínimos exigidos de fundos próprios regulamentares, incumprimento que, por exemplo, levou ao encerramento "compulsivo" do Banco Postal naquele ano. Mas o BKI voltou a apresentar ao BNA um novo plano de revitalização que passava por vender e pela entrada de "dinheiro fresco".

Entretanto, em Julho de 2020 o principal accionista solicitou o agendamento de uma assembleia geral extraordinária em que o ponto único assentava na dissolução do banco, decisão unilateral que não era partilhada pelos restantes accionistas Sérgio Ferreira da Mata Costa (15,0%) e Adriano de Carvalho (4,80%), segundo fontes ligadas ao banco. Segundo apurou o Expansão, Bastos de Morais acabou por faltar sempre às reuniões que agendou para dissolução da sociedade. O objectivo, revelam várias fontes do sector financeiro, foi tentar pressionar o banco central depois de ter sido gorada a venda dos 80,2% do empresário suíço-angolano a um grupo angolano praticamente desconhecido (Bamarros SA), uma vez que a Procuradoria-Geral da República bloqueou a transferência de 19 milhões USD para pagar essa operação por se tratar de uma operação suspeita comunicada pela Unidade de Informação Financeira (UIF). Como a operação foi suspeita, a venda não foi aprovada pelo BNA.

(Leia o artigo integral na edição 608 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Janeiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)

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