Chapo declara guerra aos cartéis que enriquecem à custa do povo
Daniel Chapo garantiu que vai acabar com "o uso abusivo dos bens públicos, os funcionários-fantasma que sugam os recursos do Estado, os concursos simulados que favorecem os amigos, e os cartéis que enriquecem à custa do sofrimento do povo". Um passivo que acaba por ser uma crítica aos anteriores governos.
"Moçambique não pode continuar a ser refém da corrupção, do compadrio, da inércia, do clientelismo, do amiguismo, do nepotismo, do lambe-botismo, da incompetência, da injustiça e de todos os vícios e desvios da boa conduta exigida aos servidores públicos", afirmou o novo Presidente moçambicano, Daniel Chapo, no seu discurso de tomada de posse, quarta-feira, dia em que a repressão aos que reclamam a vitória de Venâncio Mondlane, candidato apoiado pelo Podemos, fez mais oito mortos, segundo a plataforma eleitoral Decide.
Num discurso de 48 minutos, que se assemelhou a um programa de governação, o empossado Presidente anunciou a reforma do Estado para garantir maior transparência e eficácia na governação, prometeu "reformar o sector mineiro, fazer concessões por concurso público e leilões de minerais críticos, garantindo que os benefícios cheguem a quem mais precisa" e anunciou a renegociação das parcerias público-privadas.
O quinto Presidente moçambicano prometeu ainda acabar com a burocracia e a venda de vagas de emprego aos jovens, e "fortalecer a fiscalização e controlo do Estado", com a criação da Inspecção- Geral do Estado, órgão que responderá directamente à presidência da República e que será dotado de "total independência" para assegurar o estrito cumprimento das regras pelos servidores públicos.
"Chega de corrupção e falta de transparência. Vamos criar uma central de aquisições do Estado, o coração de todas as compras públicas, garantindo que cada metical seja gasto de forma justa", afirmou Daniel Chapo, cujas primeiras palavras foram para pedir um minuto de silêncio pelas vítimas das manifestações, dos ciclones e do terrorismo em Cabo Delgado.
"Que este silêncio nos lembre o peso da responsabilidade e também da imensa força que temos enquanto nação. Moçambique é maior do que qualquer desafio, do que qualquer crise. Unidos somos capazes de superar qualquer obstáculo e transformar a nossa dor em prosperidade", afirmou o Presidente, que prometeu "consensos" e um diálogo "franco, honesto e sincero" com as forças políticas.
Acabar com concursos simulados e cartéis
O Presidente moçambicano garantiu também acabar com "o uso abusivo dos bens públicos, os funcionários-fantasma que sugam os recursos do Estado, os concursos simulados, que favorecem os amigos, e os cartéis que enriquecem à custa do sofrimento do povo". Promessa que arrancou aplausos.
Prometeu ainda "rever as regalias dos dirigentes", num conjunto de "mudanças concretas, que mostram que o governo está disposto a apertar o cinto e a dar o exemplo". As mudanças anunciadas por Daniel Chapo, um jurista nascido dois anos após a independência do país, incluem "congelar a aquisição de viaturas protocolares, para adquirir ambulâncias e viaturas para servir o povo".
Leia o artigo integral na edição 809 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)