Construção de economias digitais resistentes em África só com investimento massivo na banda larga
Fazer chegar a banda larga a toda a África até 2030 "custará pelo menos 100 mil milhões USD", estima Ralph Mupita, CEO do gigante das telecomunicações sul-africano TMN.
Para que a tecnologia móvel esteja acessível a todos, África precisa de um smarphone de 20 USD, defendeu Ralph Mupita, CEO do Grupo MTN, o maior operador de telecomunicações africano, num evento paralelo aos encontros anuais do Banco de Desenvolvimento Africano (BAD), que decorreu, em Acra, Gana.
Durante um painel de peritos sobre a construção de economias digitais resistentes em África, Ralph Mupita evidenciou o potencial da indústria no continente, onde o investimento em redes de banda larga e a aposta na inovação e empreendedorismo são essenciais para desenvolver um ecossistema digital próspero. Fazer chegar a banda larga a todo o continente até 2030 "custará pelo menos 100 mil milhões USD", estimou Ralph Mupita.
O CEO do gigante das telecomunicações sul-africano TMN sublinhou os rápidos avanços na conectividade no continente, onde quase metade da população tem o seu próprio cartão SIM e mais de 20% tem acesso à internet. Tidjane Dème, partner da empresa de capital de risco Partech, sublinhou também a importância das plataformas digitais como motor capaz de revolucionar sectores inteiros da economia, sobretudo quando aplicadas às cadeias de valor existentes.
Embora, o continente seja um dos mais atrasados, o investimento em tecnologia digital cresceu 1.344% em quatro anos, passando de 360 milhões USD em 2016 para 5,2 mil milhões USD em 2020, revelou. Mas o investimento por si só não chega. A construção de infraestruturas digitais requer competências próprias e empreendedorismo. Para obter o máximo valor, os governos e o sector privado têm de considerar o ecossistema como um todo.
O ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, sublinhou a aposta de Cabo Verde no digital. Um investimento de apenas 31 milhões de euros do BAD permitiu ao governo construir um parque tecnológico de classe mundial, que ajudará o arquipélago a posicionar-se "como o principal centro digital e a porta de entrada para a África Ocidental".
Outro exemplo é o da Green Girls, organização criada por Monique Ntumngia, dos Camarões, que treina raparigas em comunidades rurais para produzirem energia a partir do sol e dos resíduos com o uso de inteligência artificial, assegurando que mulheres e comunidades rurais "não sejam deixadas parar trás" na revolução digital.
Através do seu Programa de Empoderamento, a Green Girls apoia empresárias a crescer e a prosperar, vendendo e instalando lâmpadas e painéis solares, assim como biodigestores, com códigos digitais.
Solomon Quaynor, vice- -presidente do Sector Privado, Infraestruturas e Industrialização do Grupo do BAD, citou um recente projecto de investimento de 170 milhões USD nas indústrias digitais e criativas da Nigéria, projecto que visa criar até 850.000 empregos directos e indirectos