Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

África

Sem reformas África do Sul não resolve crise energética e desemprego estrutural

REFORMAS INCLUEM REDUÇÃO DOS OBSTÁCULOS AO INVESTIMENTO PRIVADO

África do Sul "tem enfrentado apagões contínuos após anos de má gestão" da Eskom, situação que levou as autoridades a facilitar o processo de registo e os requisitos de licenciamento para a produção de energia, recorda o FMI.

Os cortes de energia "devastadores", a volatilidade dos preços dos produtos de base e um ambiente externo difícil contribuíram para o fraco desempenho de África do Sul no primeiro semestre do ano, constata o Fundo Monetário Internacional (FMI), num documento onde conclui que a economia sul-africana vem perdendo dinamismo por causa dos cortes recorde de electricidade, pelo que são urgentes reformas que ajudem a resolver a "crise energética e combater o desemprego estrutural".

Entre Janeiro e Março, a economia sul-africana cresceu 0,4%, mas até ao final do ano o FMI projecta uma queda acentuada do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao ano passado, antes de regressar ao crescimento no próximo ano.

"Embora esperemos que o crescimento volte a aumentar em 2024, o ritmo é demasiado lento para reduzir o desemprego, que, com 32,9%, continua perto de um máximo histórico", adverte a equipa do FMI no país, sublinhando a necessidade de medidas adicionais para resolver a crise energética, que custa à economia cerca 51 milhões USD por dia, de acordo com estimativas do banco central, divulgadas em Fevereiro.

África do Sul "tem enfrentado apagões contínuos após anos de má gestão da empresa pública Eskom", situação que levou as autoridades a facilitar o processo de registo e os requisitos de licenciamento para a produção de energia, a fim de incentivar o investimento do sector privado.

O governo anunciou igualmente um acordo de redução da dívida de três anos para ajudar a Eskom a estabelecer a sua viabilidade comercial e atenuar a crise energética, recorda o Fundo Monetário, admitindo que as medidas anunciadas não têm surtido os efeitos desejados. Por isso, o FMI conclui que "são necessárias reformas adicionais de grande alcance" para atingir um "crescimento rico em emprego, inclusivo e mais ecológico".

Estas reformas incluem a "melhoria dos condicionalismos energéticos e logísticos do país, a redução dos obstáculos ao investimento do sector privado, a resolução dos problemas de rigidez estrutural do mercado de trabalho e a luta contra a criminalidade e a corrupção".

Governo assume parte da dívida

Recorde-se que o ministro das Finanças da África do Sul, Enoch Godongwana, anunciou em Fevereiro que o Governo assumirá 13,9 mil milhões USD da dívida de 23,1 mil milhões da Eskom, oferecendo à empresa três adiantamentos anuais totalizando 10,1 mil milhões USD até Março de 2026 e a assumir mais de 3,8 mil milhões dos seus empréstimos.

O elevado nível de dívida pública do país, "um dos mais elevados entre os mercados emergentes", é outros dos problemas apontados pela equipa do FMI na África do Sul, já que "limita a capacidade do governo" para responder a choques e satisfazer as crescentes necessidades sociais e de desenvolvimento.

Estabilizar a dívida do país e a criar espaço no orçamento para despesas sociais específicas e investimento público passa, segundo o Fundo Monetário Internacional, por "reduzir a massa salarial do governo e das transferências para as empresas públicas".

Tal como noutros países, os "preços persistentemente elevados dos produtos alimentares e da energia fizeram subir a inflação e aumentaram as expectativas de inflação" no país. A normalização da política monetária deverá continuar a manter as expectativas de inflação ancoradas e a fazer baixar a inflação global para o ponto médio do intervalo do objetivo de 3- -6% do Banco de Reserva da África do Sul, defende.

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo