RD Congo: Britânica Soco enfrenta oposição em negócio petrolífero
O Fundo Mundial para a Natureza manifestou a sua oposição ao projecto de exploração petrolífera da empresa britânica Soco International para aquele que é o mais antigo parque nacional de África, na República Democrática do Congo.
Para esta organização não-governamental, o desenvolvimento do projecto será um erro, tendo em conta que o parque nacional Virunga, na República Democrática do Congo, é a casa de gorilas em vias de extinção e de outras três mil espécies.
"As petrolíferas estão a preparar-se para entrar num dos locais mais preciosos e frágeis do planeta", alertou o director executivo do Fundo, Lasse Gustavsson.
No início da semana, o diretor da Soco, Rui de Sousa, garantiu, citado em comunicado, que a empresa está "extremamente sensível à importância ambiental do parque nacional Virunga" e que estava disponível para encontrar soluções que permitam simultaneamente o desenvolvimento e a preservação do local.
O parque Virunga, com 7.800 quilómetros quadrados, foi criado em 1925, quando a República Democrática do Congo era ainda uma colónia belga.
O director do Fundo para a República Democrática do Congo atribuiu também responsabilidades ao governo local, que, apesar de dispor de legislações ambientais e de ter assinado acordos internacionais, decidiu em 2007 dividir a maior parte do parque nacional em concessões petrolíferas.
A UNESCO alertou que a exploração de petróleo seria uma violação do estatuto de Património Mundial do parque Virunga. Em Maio, a francesa Total, que tem uma concessão petrolífera no parque, como a Soco, disse que não faria perfurações no local.
O Fundo Mundial para a Natureza considera que uma indústria petrolífera não pode ser uma vantagem para uma região afectada há muito tempo por conflitos entre grupos étnicos, rebeldes, governo e países vizinhos, como o Ruanda.
Na República Democrática do Congo, alerta o Fundo, a chegada de muitos estrangeiros em busca de emprego poderá ser uma fonte de conflito no país.
O Fundo defende então a exploração da pesca, da electricidade hidráulica e do ecoturismo no parque Virunga, estimando que poderá gerar receitas de 1,1 mil milhões de dólares (828 milhões de euros) por ano, considerando, porém, que a paz será essencial para alcançar tais resultados.
Hoje, o parque Virunga gera receitas na ordem dos 50 milhões de dólares (38 milhões de euros).