Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

África

União Africana contesta decisão da Fitch de baixar rating do Afreximbank

DECISÃO “BASEIA-SE NUMA CLASSIFICAÇÃO DE EMPRÉSTIMO INCORRETA”, DIZ ORGANIZAÇÃO QUE REPRESENTA 55 PAÍSES AFRICANOS

União Africana contesta decisão e alega que "é juridicamente incongruente classificar um empréstimo a países membros como incumpridor, especialmente quando os Estados mutuários são accionistas da instituição credora". Zâmbia reforça posição da Fitch, ao classificar como "comercial" empréstimo em reestruturação.

A União Africana (UA) e o Mecanismo Africano de Revisão por Pares insurgiram-se contra a descida do rating do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), pela Fitch Ratings, argumentando que a decisão da agência de notação financeira "baseia-se numa classificação de empréstimo incorrecta, que "levanta questões jurídicas, institucionais e analíticas críticas".

O Mecanismo Africano de Revisão por Pares (APRM, na sigla em inglês), um sistema de monitorização e avaliação voluntária implementado pela União Africana, solicita, por isso, à Fitch que "reexamine os seus critérios e pressupostos neste caso" e realize consultas técnicas com o Afreximbank e outras partes interessadas africanas relevantes.

"Avaliações de crédito objectivas, transparentes e contextualizadas são essenciais para garantir o tratamento justo das instituições africanas no sistema financeiro global", salienta o APRM, reafirmando o seu compromisso em promover a precisão das classificações de crédito.

A Fitch decidiu, a 4 de Junho, rever em baixa o Afreximbank, reduzindo a sua classificação de incumprimento de emissor de moeda estrangeira de longo prazo de "BBB" para "BBB-", um nível acima de lixo, com perspectiva negativa.

A agência de notação financeira justificou a sua decisão, citando um "aumento percebido do risco de crédito e políticas de gestão de risco fracas, com base na sua estimativa de que os empréstimos não produtivos (NPLs) do banco eram de 7,1%", segundo explica a União Africana.

Esta estimativa decorre da classificação da Fitch das exposições aos governos soberanos do Gana (2,4%), Sudão do Sul (2,1%) e Zâmbia (0,2%) como NPLs. Mas, "notavelmente, este valor de 7,1% é significativamente superior ao índice de 2,44% reportado pelo Afreximbank nas suas próprias divulgações", adverte a União Africana, num comunicado, onde observa "com preocupação a classificação errónea", pela Fitch Ratings, das exposições soberanas do Afreximbank aos governos do Gana, Sudão do Sul e Zâmbia como NPLs.

Incompatível com o Tratado de 1993

"A suposição de que o Gana, o Sudão do Sul e a Zâmbia deixariam de pagar os seus empréstimos ao Afreximbank é incompatível com o Tratado de 1993 que institui o Banco, do qual o Gana e a Zâmbia são membros fundadores, accionistas e signatários. O Tratado Multilateral assinado em 1993 é juridicamente vinculativo para todos os países membros, impondo obrigações legais específicas relacionadas com a protecção, imunidades e operações financeiras do Banco", refere a União Africana, organização que representa os 55 Estados africanos.

A UA recorda que, em virtude do presente Tratado, os empréstimos concedidos pelo Afreximbank aos seus países membros "são regidos por uma estrutura de cooperação intergovernamental e de compromisso mútuo, em vez dos princípios típicos do risco comercial". Por conseguinte, "é juridicamente incongruente classificar um empréstimo a países membros como incumpridor, especialmente quando os Estados mutuários são accionistas da instituição credora", não tendo havido, por isso, segundo entendimento da União Africana, "incumprimento formal e nenhum dos soberanos repudiou a obrigação".

"O tratamento unilateral da Fitch a estas exposições soberanas - como comparáveis aos empréstimos comerciais baseados no mercado - apesar do seu suporte por obrigações do tratado e participações accionistas, é falho. Isto reflecte uma compreensão errada da arquitectura de governação das instituições financeiras africanas e da natureza do financiamento do desenvolvimento intra-africano. A Fitch interpretou erradamente o convite feito pelo Gana, Sudão do Sul e Zâmbia ao Afreximbank para discutir o pagamento dos empréstimos como um sinal de intenção de incumprimento e/ou de levantamento do Estatuto de Credor Preferencial", lê-se ainda no comunicado da União Africana.

Leia o artigo integral na edição 830 do Expansão, de Sexta-feira, dia 13 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas.(Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo