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ENI vai criar Plenitude para as renováveis

Transição energética

A italiana ENI prepara-se para alienar 30% dos seus novos negócios, em especial de renováveis, em Oferta Pública Inicial (IPO)

Claudio Descalzi, o presidente executivo da ENI, anunciou, no início desta semana, que a empresa vai alienar de entre 20 a 30% da sua unidade de renováveis, agora designada Plenitude, em Bolsa, no início de 2022.

"O IPO é a pedra angular da nossa estratégia de descarbonização e a chave para a transição em curso", acrescentou Descalzi quando apresentava ao mundo Plenitude, e citado pela Reuters.

A alienação de parte da agora Plenitude faz parte de uma estratégia da ENI para libertar activos de forma a financiar novos negócios que não sejam em petróleo e gás. A unidade de negócios de renováveis da ENI, criada no início deste ano, tem um valor estimado de 10 mil milhões de euros (11,3 mil milhões de dólares).

Para as actuais três divisões da ENI, a negócio retalhista, a ENI gás e luz, que contam com 10 milhões de clientes em seis países, o lucro combinado para este ano, antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, está estimado em 600 milhões de euros, subindo para 1,3 mil milhões até 2025. Quanto à Plenitude, a ENI adianta que terá uma dívida líquida zero no início de 2022 e investirá uma média de 1,8 mil milhões de euros por ano até 2025, ou seja, mais de 7 mil milhões de euros.

O CEO da ENI vai prevenindo que a empresa poderá pagar dividendos mas aposta sobretudo no crescimento e na manutenção de um balanço comercial sólido.

A oferta pública inicial planeada pela ENI na sua rede de distribuição, energias renováveis e mobilidade é o maior movimento estrutural feito por uma grande empresa de petróleo e gás em resposta à pressão para reduzir as emissões de carbono e liderar a transição energética, considera o Financial Times.

Fazer o spin off do sector das renováveis é, para Claudio Descalzi, a melhor forma de começar a entregar energia descarbonizada a todos os clientes da ENI até 2040.

O processo de alienação dos 30% da Plenitude é um processo que está entregue ao Goldman Sachs, Credit Suisse e ao banco de investimento italiano Mediobanca.

A ENI segue as pegadas de outros grandes produtores de petróleo e gás que libertam activos para investir nas renováveis, numa altura em que a pressão para investimentos em energia limpa é intensa, a que se acrescenta a dupla pressão de pagar dividendos ao accionistas e de financiar a transição energética.

A espanhola Repsol segue o caminho da ENI, já a Shell ou a BP argumentam que têm melhores condições para fazerem a transição energética de forma integrada.

O braço de renováveis da ENI produz cerca de 2 gigawatts (GW) actualmente, a empresa espera crescer para 6 GW até 2025 e 15 GW até 2030. Nesse aspecto, e por exemplo, a BP é um pouco mais ambiciosa, pretende produzir 20 GW de capacidade de energia renovável até 2025 e 50 GW até 2030.

A mobilidade é outra aposta forte da ENI, actualmente com 6.500 postos de carregamento em Itália, a empresa espera chegar aos 31 mil postos de carregamento até 2030, incluindo com a expansão a outros países europeus.

A ENI pondera ainda alienar a sua participação de 70% na Var Energia da Noruega.

"Para enfrentar a transição energética, é preciso um novo negócio, um novo modelo financeiro, não podemos continuar a fazer negócios como do costume", disse ao Financial Times Claudio Descalzi.