Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

Concorrência desleal: implicações da economia informal na formal

Opinião

A concorrência leal deve ser encarada como uma política do governo para organização económica, deve ser vista como uma ferramenta para o desenvolvimento económico, uma vez que a sua aplicação visa a garantia de existência de condições de competição, inovação e qualidade nos mercados, preservando e estimulando a formação de ambientes competitivos, de modo a propiciar eficiência económica e a salvaguarda dos interesses dos consumidores.

Para que as empresas compitam entre si de forma leal, garantindo o funcionamento eficiente do mercado, assim como o incentivo à inovação, diversificar as múltiplas escolhas entre os consumidores e redução de preços e maior qualidade dos bens e serviços posto à disposição dos clientes, é imperioso a concorrência.

As empresas e os particulares no nosso ordenamento jurídico estão sujeitas à concorrência, ou às regras a ela definidas, baseando-se nas boas práticas empresariais. Em Angola, cabe à Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC), entidade de direito público, garantir a observância e o respeito pelas regras da concorrência, quer seja no sector público, privado, cooperativo e associativo, com vista ao funcionamento eficiente e equilibro dos mercados visando a protecção dos interesses dos consumidores.

A abordagem da concorrência remete-nos a diversos elementos, mormente:

● A PERFEITA;

Noção equilibrada entre a oferta e a procura.

● A IMPERFEITA;

Noção desequilibrada entre a oferta e a procura.

A nível do nosso país, o petróleo constitui a principal fonte de arrecadação de receitas, sustenta e sustentou a economia por muito tempo. Este fenómeno sonegou a capacidade de investimento e factor reprodutivo, limitando o crescimento económico, dotando o Estado como maior provedor das micro, pequenas, médias e grandes empresas, limitando- -as no investimento interno.

O excesso de importação de produtos considerados factores- -chave para alavancar a economia e em muitos casos para o insumo do comércio interno essencial, afundou as reservas internacionais líquidas, desacelerou a economia, reduziu a taxa de empregabilidade, escasseou as divisas, permitindo um recuo na capacidade de importação de bens essenciais.

O crescimento populacional tornou-se crescente face ao crescimento económico, ou seja, não tem sido possível dar de comer às pessoas com o que produzimos. Vejamos que, não obstante, o aparecimento de centros comerciais, é crescente o perecimento de mercado informais, como elemento de equilíbrio entre os preços altos e os baixos praticados no mercado.

A temática em causa prende-se com o seguinte: os grandes investidores apostaram nos centros comerciais, estes, importam, produzem e compram produtos de reprodutores internos para os disporem aos consumidores, e os seus preços são ajustados aos custos imputados, mormente arrendamento, salários, custos de importação, benfeitorias e outros.

No entanto, e particularmente no sector agrícola, alguns produtores produzem, transportam e vendem nos mercados informais, e em alguns casos ao domicílio e na proximidade dos centros comerciais. Os produtores, em muitos casos, não possuem funcionários com vínculo contratual, não pagam impostos, não declaram os seus rendimentos e, o mais agravante, vendem os seus produtos a preços abaixo do mercado, fomentando uma autêntica concorrência desleal.

A concorrência desleal é entendida como aquela que lesa o regulamento da concorrência definida, prejudicando o concorrente, conquistando clientes sem as regras igualitárias, de outro modo, prover comércio sem proceder de acordo com a cadeia de valor comercial é considerado concorrência desleal, vejamos o seguinte:

Para o normal funcionamento de uma economia, o comércio deve pautar-se pelo seguinte:

O quadro acima ilustra os intervenientes na cadeia comercial, onde o produto sai do campo e chega ao consumidor final, por meio das famílias. Neste circuito, o produtor vende ao estocador (a quem cabe estocar os produtos), temos o agente que se dedica ao transporte da mercadoria, o comerciante adquire do estocador e vende às superfícies comerciais.

esta cadeia comercial todos os intervenientes garantem a rentabilidade e sustentabilidade dos seus negócios, permitindo geração de emprego, produtividade, captação de receitas e receitas fiscais.

O exposto espelha o fenómeno actual em que os produtores se dedicam a proceder unilateralmente, com acções que excluem todos os intervenientes da cadeia de valor comercial. É um fenómeno egoísta que em nada contribui para a empregabilidade, desacelera a economia, lesa os interesses dos comerciantes e deve ser banido.

As práxis de concorrência desleal não simplesmente lesam a estima das empresas afectadas, mas também alteram o mercado, embaraçando a concorrência e lesando a firmeza dos consumidores.

Leia o artigo integral na edição 818 do Expansão, de sexta-feira, dia 21 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

António Braça, Economista

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo