Valorizar o trabalho e o homem
Essa massa desocupada, informal e improdutiva, que vagueia em todas as esquinas das cidades, e não contribui para o Produto Interno Bruto (PIB), alimenta-se e beneficia dos serviços, sem qualquer contrapartida. Ela contribui para as implicações socialmente devastadoras do agravamento económico e social do país e indicia riscos hipotéticos ou previsíveis.
O ano de 2023 termina tolhido. A inflação corrói e está nas alturas. Os produtos da cesta básica ao preço do olho da cara e o desencanto social prolifera. Diante de tudo isso, o valor do trabalho está em constante erosão e não esconde que existem implicações negativas. Juntos eles diluíram as esperanças em 2023.
A diplomacia económica desenvolvida, neste lapso de tempo, ainda não deu sinais reais, mesmo considerando o ápice que encerra, este ano, a recente visita do Presidente João Lourenço aos Estados Unidos da América (EUA). Que ela venha dar um impulso desejado ao desalento existencial do ano que termina.
Mas, é preciso trabalhar cada vez mais para reduzir as incidências que os choques externos causam à economia nacional, fundamentalmente, os efeitos perversos e drásticos à nossa situação social.
O diagnóstico dos impasses do nosso desenvolvimento transforma-se em ilusão e não permite conhecer a fundo as movimentações tectónicas que, silenciosas, podem alterar ainda mais o cenário social em 2024. Esperemos que não venham a ser ainda mais penalizantes.
As providências no âmbito da privatização das empresas públicas e a estrada no mercado de consórcios internacionais para a exploração do Corredor do Lobito, e todos os segmentos produtivos associados ao Caminho- -de-Ferro de Benguela (CFB), pela exploração a longo prazo, abre novos horizontes.
Contudo, a intermitência da situação económica mostra que é preciso dar outro impulso à produção interna e ao fisiologismo para não travar o avanço da diversificação da economia.
Neste sentido, é preciso não perder de vista outros factores exógenos às dificuldades económicas internas que se aprofundam e se agravam. Precisamos de estar vigilantes a um movimento migratório interno, do campo para os grandes centros urbanos, para além de uma massa descontrolada de imigrantes que chega a território nacional vinda do Norte de África, incessantemente.
Essa massa desocupada, informal e improdutiva, que vagueia em todas as esquinas das cidades, e não contribui para o Produto Interno Bruto (PIB), alimenta-se e beneficia dos serviços, sem qualquer contrapartida. Ela contribui para as implicações socialmente devastadoras do agravamento económico e social do país e indicia riscos hipotéticos ou previsíveis.
Confinada nas dobras existentes entre a produção e a reprodução da riqueza nacional, esta "massa precária" corresponde àquela fracção parasitária, que se agarra à exploração económica da força socialmente activa. E há uma tendência para naturalizar o menor esforço, a desocupação e o ócio ganhando dinheiro sem esforço.
Estas condicionantes levam- -nos a uma situação incapaz de prescindir da violência social, que, por sua vez, alimenta um estado mais ou menos permanente de inquietação social.
O ano que termina convida- -nos a encontrar novas soluções. Defendemos o aumento da capacidade de projectarmos modelos alternativos com estruturas sociais colectivas que levem à valorização do trabalho e do homem, necessários à construção de uma sociedade mais justa e compartilhada.
Que 2024 seja melhor e diferente de 2023.