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Opinião

Foco: agricultura, disse JLo, mas meta da declaração de Malano continua distante

Convidado

De um tempo a esta parte, temos assistido a vários pronunciamentos que defendem a diversificação da economia, passando pelos sectores da agricultura e pescas, que exige a criação de condições através de incentivos verdadeiros, motivado pela vontade política dos líderes dos países, neste caso, africanos.

Entre os discursos, de destacar o do Presidente João Lourenço, na abertura do diálogo de alto nível, denominado "Alimentar África", onde manifestou "a forte vontade de os países africanos e da UA em transformar e modernizar as instituições, bem como na melhoria da qualificação e aproveitamento dos quadros técnicos e definição de novas estratégias". JLo lembrou ainda que "o continente africano é considerado o da esperança e do futuro, devido à juventude da sua população e diversidade dos seus recursos naturais.

África tem uma população predominantemente jovem, potencialidades enormes no crescimento das cidades, potencial no consumo, condições para produzir de forma a responder à procura interna, muitas vezes cobrindo este hiato por via da importação, afectando as nossas balanças comerciais.

Gostava de fazer alusão à Declaração de Malabo, cujo objectivo está virado para a aceleração da transformação agrícola e para garantir a segurança alimentar, e que vincula os países africanos a gastarem 10% dos seus orçamentos, anualmente, na agricultura.

Dados relatados no Fórum da União Africana e do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) dão nota que a importação média no continente africano atingiu um total de 80 mil milhões USD com crescimento de cerca de 6,0% ao ano. E a demanda de alimentos do continente supera a oferta doméstica em 20%.

Temos dados que evidenciam pouca vontade dos líderes, em materializar, de facto, aquilo que têm vindo a advogar nos seus discursos, que querem diversificar a sua economia, empoderando-a por meio da agricultura. Muitas intenções sem consistência, carecendo da verdade. Dos 49 Estados africanos que prestaram contas no âmbito desta declaração, assinada em 2014, apenas quatro atingiram a meta de gastar os 10% do total das despesas em agricultura, e somente 4 estão em condições de cumprir as metas ou compromissos até 2025, revelado na 33ª assembleia geral da União Africana, que decorreu em Adis Abeba, Etiópia, onde se fizeram presentes 38 chefes de Estado, entre os quais se inclui o Presidente João Lourenço.

Burkina Faso, Burundi, Mali e Mauritânia são os únicos países que investiram os 10% do seu orçamento na agricultura, o que revela a fraca vontade, acima evocada, por parte dos estadistas africanos.

*Economista e docente universitário

(Leia o artigo integral na edição 625 do Expansão, de sexta-feira, dia 21 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)