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Universidade

Sindicato vai interpolar a greve por 30 dias com apelos ao Governo

GREVE DOS PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR COMPLETA TRÊS MESES NO DIA 27 DE MAIO

A poucos dias de completar 90 dias, o sindicato dos professores decidiu interpolar a greve num período de 30 dias e, caso se mantenha o silêncio do Governo, vai retornar a greve por tempo indeterminado. Ministério do Ensino Superior evita pronunciar-se sobre a greve

O Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES) decidiu, na 5ª assembleia extraordinária, no dia 5 de Maio, interpolar a greve, num período de 30 dias, com apelos ao Governo para uma negociação ainda esta semana.

"Se o Governo negociar até ao dia 11 de Maio, vamos interpolar a greve antes da data acordada em assembleia. E se não existir negociação, ainda assim, vamos interpolar no dia 26 de Maio, por imperativo legal, e depois voltaremos por tempo indeterminado", explica Eduardo Peres Alberto, secretário-geral do SINPES.

O sindicalista, que fazia o balanço da greve, reiterou que a greve tem uma adesão de 99% a nível nacional, embora duas faculdades estejam a funcionar com professores colaboradores.

Quanto ao silêncio do Executivo, sobre o memorando de entendimento, o porta-voz dos professores sublinhou que não há vontade política em solucionar os dois pontos fracturantes do caderno reivindicativo.

No que diz respeito à situação do ano académico 2022/2023, o responsável avançou que a classe está preocupada com o ano académico, mas é da responsabilidade do Governo de Angola.

"Só podemos ser um país sério com educação séria e de qualidade e não podemos falar de desenvolvimento sustentável se, de facto, não trabalharmos na melhoria do sector da educação, portanto, é o Governo quem deve olhar e apostar numa educação séria", frisou.

Questionado, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCI) preferiu não se pronunciar, porque, no seu entender, já disse tudo o que tinha a dizer.

"Na 5ª assembleia extraordinária realizada pelo sindicato esteve presente o nosso representante, mas não podemos pronunciar- nos sobre esta questão da greve", resume a fonte da direcção que pediu o anonimato.

Estudantes sem esperança de regressar às aulas

Apesar de haver uma pausa na greve, a esperança dos estudantes de voltar às aulas caiu por terra, porque não acreditam que exista tempo para estudar a matéria dada durante o segundo semestre.

"O sindicato pode interpolar a greve, mas a verdade é que o ano já está mesmo perdido, porque não vamos a tempo de recuperar as aulas perdidas, ainda que tentem fazer os chamados reajustes curriculares", lamenta Jorge Francisco, estudante do curso de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto.

O presidente da Associação dos Estudantes da Universidade 11 de Novembro apela ao diálogo entre as duas partes no sentido de se resolver de uma vez a greve, que já ultrapassa dois meses, e sem fim à vista. "Aqui em Cabinda a greve é, de facto, uma realidade e o Presidente não têm noção da paralisação, porque quem reportar esta situação da greve tem faltado à verdade. Talvez seja essa a razão do braço-de-ferro entre o Governo e o sindicato dos professores, por acharem que não está a afectar a formação dos quadros nacionais".

Para o presidente da Associação dos Estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto, Ângelo Monteiro, a consequência desta paralisação é irreparável.

"Esta geração de estudantes, que começa em 2020, vem enfrentando grandes problemas do ponto de vista da formação, ao começar com a pandemia e depois com a paralisação das aulas por causa da greve decretada pelo sindicato e, se não se olhar com a responsabilidade exigida, então é uma geração de quadros que vai sair das universidades sem as qualidades exigidas".

Recorde-se que a greve foi anunciada no passado dia 27 de Fevereiro, marcando o início do segundo semestre e o último do ano lectivo 2022/2023.

(Leia o artigo integral na edição 724 do Expansão, desta sexta-feira, dia 12 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)