Um banco maior do que a nossa banca caiu
O Silicon Valley Bank era 16.º maior banco dos Estados Unidos, com um activo estimado em 209 mil milhões de dólares, equivalente a 6 vezes o total dos activos da banca nacional, que é de apenas 33 mil milhões de dólares. E agora? Como é que isso aconteceu? Quais serão os próximos bancos? O BNA deve preocupar-se?
Uma crise no maior mercado do mundo a nível do sector bancário, já ouviu falar do Silicon Valley Bank? Será um novo Lehman Brothers ou um Goldman Sachs? A verdade é que estamos a falar de um banco com mais de 40 anos de idade, 6 anos a menos do que a nossa independência como país, e faliu em apenas dois dias, quando era o 16.º maior banco dos Estados Unidos, com um activo estimado em 209 mil milhões de dólares. Só para se ter noção, isto equivale a 6 vezes o total dos activos da banca nacional, que é por sua vez de apenas 33 mil milhões de dólares (Banca em análise 2022). A grande questão é "isso pode ser sistémico"?, ou seja, levar com ele outros bancos? Sendo que ninguém está só neste mercado. E agora? Como é que isso aconteceu? Quais serão os próximos bancos? O BNA deve preocupar-se? Talvez sejam as primeiras inquietações que vêm à mente quando se ouve falar sobre o assunto. Mas, antes de entrar definitivamente no nosso tópico, vamos explicar um ponto importante sobre os bancos, que será muito relevante para entendermos melhor o que vamos abordar neste artigo.
Tópicos:
¦ Como funciona um banco?
¦ Como esse fenómeno aconteceu?
¦ Quem serão os próximos?
¦ O BNA deve preocupar-se?
Sabes como um banco funciona?
Talvez o mais comum seja o banco ter a função de captar depósitos, oferecendo aos particulares (famílias) e instituições (empresas privadas, instituições públicas, ONG"s, etc...) um local seguro para guardar a sua riqueza/poupança, e, por outra, repor no mercado estes depósitos sob a forma de crédito, que, por sua vez, são uma fonte de concessão de empréstimos para os mesmos agentes (particulares e instituições).
Olhando dessa forma é como se só existissem os dois lados. A verdade é que esse conceito não mudou, mas, com o crescimento dos produtos financeiros, os bancos diminuíram a "intensidade" de fazer as tais operações directas por variadas razões, uma delas é o surgimento de muitas soluções de investimento. Hoje, os bancos podem diversificar melhor a sua carteira para evitar certos constrangimentos e essa decisão passa por escolher sempre aqueles atidos menos arriscados e rentáveis. Um exemplo típico deste tipo de investimento é o que se encontra praticamente em todos os mercados, até nos pouco desenvolvidos como o nosso, são os títulos do tesouro. Guarde este instrumento, pois é dele que vem boa parte do "problema" da crise bancária dos EUA. Mas, continuando, hoje em dia é muito mais fácil, como disse acima, os bancos investirem os depósitos captados dos seus clientes neste tipo de atidos e no nosso mercado este tipo de investimento é muito típico, pois oferece taxas muito atractivas. Os títulos do tesouro oferecem menos riscos de perda e são os mais líquidos, o que faz com que os bancos invistam neles num piscar de olhos, pois como vimos acima, sobre a função primária dos bancos, devem saber que o banco utiliza o dinheiro dos seus clientes para fazer tais investimentos e tem a obrigação de devolver esse dinheiro quando requerido pelos depositantes. E é bem aqui onde residiu o problema da crise actual. Vamos explicar melhor mais abaixo.
Existem outras soluções de investimento para os bancos, além do crédito, os títulos, cedências no mercado interbancário, etc... A moral da história aqui é que os bancos vão sempre investir em activos menos arriscados e mais lucrativos e quanto melhor essa combinação for mais obvia será a escolha, pois os bancos não podem ter a ousadia de perder nos investimentos que fazem, pois isso significaria perda de liquidez, ou seja, a riqueza depositada nos bancos e que foi confiada pelos seus agentes.
(Leia o artigo integral na edição 721 do Expansão, desta sexta-feira, dia 21 de Abril de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)