Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

AGT desiste de retenção de 2,5% de IVA nos pagamentos por TPA

POR "FALTA DE APLICABILIDADE PRÁTICA"

Apesar de o Governo invocar a "falta de aplicabilidade prática" da medida, o recuo deve-se sobretudo à oposição da banca. Bancos temiam que a retenção dos 2,5% de IVA levasse as pessoas a optar por outras formas de pagamento, comprometendo os esforços de bancarização.

A Administração Geral Tributária (AGT) desistiu da cobrança de 2,5% de IVA em todos os pagamentos feitos nos TPAs (Terminais de Pagamento Automático), como se lê na proposta de lei que aprova o Orçamento Geral do Estado para 2023, alegando "falta de aplicabilidade prática" da retenção.

A medida cai por terra três anos após ser anunciada e depois do investimento feito na criação de um sistema centralizado que permitisse a sua operacionalização. A construção do sistema centralizado estava a cargo da EMIS, cabendo aos bancos assegurar a parametrização dos seus sistemas internos, para a correcta acomodação, num investimento global avaliado em 800 mil euros.

Mas não foram as dificuldades técnicas, nem o investimento, que pesaram na decisão de recuar, segundo apurou o Expansão. A cobrança dos 2,5% podia comprometer os esforços de bancarização, num país com níveis baixos. O Banco Mundial estimou em 49% a percentagem da população com uma conta aberta, no final de 2019, conforme consta no relatório para desbloqueio de um financiamento de 700 milhões USD a Angola, documento datado de Fevereiro de 2021. Assim que a retenção começasse a ser feita, "as pessoas podiam optar por outras formas de pagamento em vez de usarem os TPA", admitiu Mário Nascimento, presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC), razão pela qual a banca se opôs desde o início à medida.

A norma que determinava a retenção dos 2,5% nos recebimentos em TPA surgiu, pela primeira vez, na lei do Orçamento Geral do Estado de 2020 e vigorou durante "três exercícios fiscais", sem nunca sair do papel.

Só na proposta de OGE para 2023 é que o Governo assumiu que não havia condições e propôs a "eliminação da disposição que determina a retenção na fonte, à taxa de 2,5%, de todos os recebimentos efectuados por via dos terminais de pagamento Multicaixa", a título de IVA, como se lê na proposta de lei que aprova o OGE 2023.

Desde 2020, quando foi anunciada, a proposta teve a oposição de todo o sistema financeiro nacional, inclusive do Banco Nacional de Angola, que manifestou discordância, por ir contra os esforços de bancarização da economia", como noticiou o Expansão na edição de 17 de Setembro de 2021. Trata-se de "um risco evidente num país com níveis baixos de bancarização", sublinhou fonte bancária, repercutindo a resistência da banca.

Apesar da oposição, a AGT insistiu na aplicação da norma que Mariana Gouveia de Oliveira, advogada e especialista em Direito fiscal, considerou "desproporcional e desajustada", não tendo conhecimento de sistemas semelhantes noutras jurisdições."Basta pensar no enorme volume de transacções realizadas diariamente e que os bancos terão de processar e apurar, entregando o valor arrecadado em apenas 24 horas", ilustrou a coordenadora do livro "O Código do IVA Angolano - Anotado e Comentado", em 2021, em resposta a questões colocadas pelo Expansão.

(Leia o artigo integral na edição 713 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Fevereiro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo