Apenas 10% dos resíduos plásticos são reciclados no País
Os desafios do País não passam apenas pela criação de políticas, mas também a criação de infraestruturas básicas de recolha e separação de resíduos.
A taxa de reciclagem de plásticos em Angola é apenas de 10%, equivalente a 457 toneladas de plásticos para uma média 4.574 toneladas produzidas diariamente, uma situação bastante preocupante e que "requer uma abordagem urgente integrada", segundo o diagnóstico do Plano de Acção Nacional para Eliminação Progressiva dos Plásticos de Utilização Única (PLANEPP), publicado pelo Decreto Presidencial n.º 122/25.
A baixa taxa de reciclagem de plásticos, que tem sido um negócio rentável num mundo que se espera cada vez mais verde, "destaca a necessidade urgente de implementar políticas eficazes para a gestão de resíduos, especialmente no que diz respeito à eliminação gradual dos plásticos, a fim de mitigar os impactos ambientais associados a essa quantidade significativa de resíduos", diz o diagnóstico.
Mas os desafios de Angola não passam apenas pela implementação de políticas, passam sobretudo pela criação de infraestruturas básicas de recolha de resíduos e separação para dar o valor transformador ao lixo plástico.
Estima-se que a produção de resíduos sólidos diária é de 19.393 toneladas, sendo que cada angolano produz, em média, mais de meio quilo de resíduos por dia. Desse total, a maior parte é composta por resíduos orgânicos (38,99%), seguido de resíduos de plásticos (23,57%) e papel/papelão (12,96%). A capital, Luanda, é responsável por uma parcela considerável dessa produção, criando aproximadamente 7.500 toneladas de resíduos sólidos por dia, equivalente a 39% do total.
No entanto, a taxa de reciclagem a nível nacional ainda é baixa, estimada em 10%, indicando que a maior parte desses resíduos não tem sido devidamente reciclada ou reaproveitada.
"A capacidade de reciclagem e a consciencialização ambiental permanecem incipientes, que tem resultado numa deposição inadequada que afecta gravemente as fontes de água, como rios, lagos e praias, essenciais para a biodiversidade e a saúde pública. A população que muitas vezes prioriza questões imediatas de subsistência em detrimento da sustentabilidade ambiental", explica o plano que prevê executar 1,25 mil milhões Kz em educação ambiental e comunicação da iniciativa e 350 milhões em pesquisas e desenvolvimento de projectos.
No global,Planepp tem um pacote financeiro de 1,6 mil milhões e foi inspirado em exemplos internacionais como Ruanda, Quénia, Cabo Verde, Perú e Portugal, onde medidas legislativas e campanhas de educação tiveram sucesso na redução significativa do uso de plásticos descartáveis.