Banca, Assembleia Nacional, sector eléctrico e comércio já dominam uso de IA
A banca lidera a utilização de IA em Angola, mas há outros sectores onde começa a dar fortes sinais. Há casos como a ENDE, que já começou a instalar contadores inteligentes, e empresas de e-commerce que já não vivem sem IA.
Apesar do atraso estrutural, Angola já conta com casos de incorporação de Inteligência Artificial (IA) em vários sectores. O sector financeiro, juntamente com empresas do sector tecnológico, está na vanguarda da utilização da IA no mercado nacional. Mais especificamente no sector bancário, onde já se exploram algoritmos para análise de riscos e combate à fraude, bem como o uso de chatbots para atendimento ao cliente em call centers, e bots no WhatsApp, que permitem consultar saldos e outras informações ao cliente.
A banca sai na dianteira pelo facto de o regulador ser um dos maiores incentivadores da incorporação tecnológica e do surgimento de fintechs no ecossistema de startups em Angola. Através do LISPA (Laboratório de Inovação do Sistema de Pagamentos de Angola), uma iniciativa do Banco Nacional de Angola (BNA), o regulador tem desenvolvido vários programas de apoio e aceleração à inovação nas áreas de insurtech, edutech, agritech, entre outras.
O BNA dispõe ainda de uma sandbox regulatória, um ambiente de testes para iniciativas tecnológicas antes de serem implementadas. Este pequeno "vale" tecnológico acaba por trazer soluções à banca, sobretudo num contexto em que o sector caminha para uma desmaterialização sem volta.
Mas outros sectores também apontam as baterias para o futuro. Na área da energia, a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) começou a instalar contadores inteligentes com IA integrada para grandes consumidores, capazes de registar em tempo real o consumo de electricidade e identificar padrões de uso.
Outro exemplo é o Audimus, da empresa VoiceInteraction, que é um software de reconhecimento de voz potenciado por IA, instalado na Assembleia Nacional e que transcreve automaticamente o áudio das sessões parlamentares em texto, agilizando a produção de atas.
Tal como noutros países, em Angola algumas startups também começam a liderar a incorporação da IA, pela sua natureza disruptiva. É o caso do e-commerce Sócia, que utiliza IA para prever a reposição de stock, analisar o perfil e o comportamento do cliente, identificar a sazonalidade de compras e calcular a probabilidade de produtos que o cliente pode adquirir em conjunto ou individualmente, além de realizar credit scoring dos clientes.
"Nós desenvolvemos uma solução que combina Machine Learning (aprendizado de máquina) com o modelo de linguagem da OpenAI, mediante uma licença que permite integração directa. Depois, esses dados alimentam o nosso motor interno de Machine Learning. Ou seja, usamos a OpenAI para treinar os nossos próprios modelos", disse ao Expansão Augusto Firmino, CEO da Sócia.
Há outras iniciativas na administração pública, no âmbito da modernização do Estado, que é a peça central para a aplicação da IA, que é a construção de uma base tecnológica unificada para os dados governamentais. Vale lembrar que em 2023 foi anunciado um projecto ambicioso de Government Cloud (nuvem governamental), com um investimento de 89 milhões de dólares, destinado a integrar todas as informações e serviços ministeriais.











