BNA vai clarificar relação entre o BES e o BESA nas próximas semanas
O vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Ricardo de Abreu, remeteu para as "próximas semanas" uma definição da relação entre o Banco Espírito Santo (BES) português e o angolano, este último alvo de "medidas de saneamento".
"Teremos nas próximas semanas uma definição melhor", disse nesta segunda-feira o vice-governador, questionado sobre a situação do crédito de 3,3 mil milhões de euros (aproximadamente 425,0 mil milhões Kz) que o BES tem na filial angolana, o BESA.
Como o Banco Espírito Santo Angola (BESA) está a ser intervencionado pelo banco central angolano desde o início de Agosto, com a nomeação de uma administração provisória, o pagamento de todos os créditos está suspenso, de acordo com o artigo 117 da Lei das Instituições Financeiras de Angola.
Esta intervenção, com medidas de saneamento daquele banco, controlado em 55,71% pelo BES português, poderá prolongar-se por um prazo de um ano e, como recordou o vice-governador, a solução foi acertada entre os dois países.
"Houve coordenação e tem havido coordenação [com o Banco de Portugal] naquilo que diz respeito às zonas de intercepção entre o problema do BES e o problema do BESA, em Angola. Existe um espírito de colaboração e de coordenação e por isso estamos confiantes com o desfecho deste processo", insistiu Ricardo de Abreu.
A "degradação da carteira de créditos" do banco angolano, afectou, segundo o BNA, os seus "níveis de liquidez e de solvabilidade", levando à emissão, pelo Estado angolano, de uma garantia soberana, que entretanto será revogada.
"O Banco Nacional de Angola actuou na medida daquilo que achava que seria importante para garantir a estabilidade do sistema financeiro. Não vislumbramos qualquer risco sistémico, estamos confiantes que as coisas se irão recuperar", disse ainda Ricardo de Abreu, à margem de uma conferência promovida nesta segunda-feira, em Luanda, por aquela instituição.
Informações tornadas públicas em Portugal e Angola nas últimas semanas apontam para um volume de crédito malparado no BESA que ascende a 5,7 milhões de dólares (556,2 milhões Kz).
O BNA nomeou entretanto dois quadros próprios, António Manuel Ramos da Cruz e João Fernando Quiuma, para a administração provisória do BESA, no âmbito das medidas de "saneamento". De acordo com o banco central angolano, estas medidas visam "a reposição dos termos de sustentabilidade financeira e operacional do banco". Não contemplam, "para já", a intervenção do Estado no BESA, ou o envolvimento de fundos públicos.
Expansão/Angonotícias