Comerciantes alugam TPAs a jovens e alimentam negócio ilegal nas ruas
Com comissões que rondam os 10%, quatro vezes mais do que as comissões estabelecidas pelo Banco Nacional de Angola, o aluguer de TPAs continua a alimentar um negócio ilegal, mas lucrativo, que tira partido da baixa taxa de bancarização no país e das dificuldades que os cidadãos enfrentam para levantar dinheiro na rede Multicaixa.
Alguns comerciantes alimentam um esquema que envolve o aluguer de Terminais de Pagamentos Automáticos (TPA) a jovens que ficam à volta dos bancos, a "oferecer" dinheiro a quem "engrossa" as filas para levantamentos nos Multicaixas, e a comerciantes que não estão inseridos no sistema de pagamentos digitais, com destaque para colégios de baixa renda e pequenas lojas de bairro.
Um negócio lucrativo e que garante uma renda a comerciantes que estão sem actividade ou em estado de falência, que, desta forma, tiram partido da baixa taxa de bancarização no país e das dificuldades no acesso a dinheiro que os cidadãos enfrentam.
Para adquirirem um TPA, os comerciantes pagam uma média de 300 mil Kz pela máquina e uma renda média mensal de 6 mil Kz, de acordo com uma pesquisa por seis bancos feita pelo Expansão, que inclui o BAI, BFA, Banco BIC, Keve, Standard Bank e o Banco Sol. O Banco Milenium Atlântico coloca o aparelho à disposição gratuitamente, cobrando uma taxa anual quando o volume de negócio mensal é de 1,5 milhões Kz e quando o titular do contrato tem saldos médios anuais de 20 milhões Kz.
Segundo os contratos da maior parte dos bancos, quando um comerciante declara fim da actividade comercial deverá devolver o aparelho e pagar uma taxa que varia entre os 60 e os 250 mil Kz. Para evitar mais custos quando entram em situação de inactividade comercial, proprietários dos aparelhos encontraram no aluguer dos TPAs uma oportunidade para facturar algum dinheiro, até expirar a validade do contrato celebrado com o banco.
Um negócio, através do qual os arrendatários do aparelho cobram depois ilegalmente 10% por cada movimento, quer seja em levantamento de dinheiro ou pagamento de compras, ao contrário dos 2,5% de comissão estabelecidos pelo Instrutivo 02/2024, de 1 de Março, emitido pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
Sem dívidas ou pendentes com o banco Segundo apurou o Expansão, o esquema começa com a identificação de um comerciante, preferencialmente dono de uma loja ou cantina, que tenha viagem de regresso ao país de origem marcada. Trata-se normalmente dos comerciantes conhecidos como "mamadous", que confiam, por procuração, o TPA ou cartão de débito a alguém da sua confiança, que faz a intermediação com o jovem que aluga a máquina.
Estes alugam o TPA, acompanhado pelo cartão Multicaixa, a troco de um valor mensal mínimo, entre 11 a 15 mil Kz. Dependendo do acordo, o valor poderá ser maior. No entanto, aponta- -se para cuidados a ter, como a garantia de que o proprietário do TPA não tem dívidas ao banco ou outros pendentes.
Leia o artigo integral na edição 828 do Expansão, de Sexta-feira, dia 30 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)