Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

Inflação continua a desacelerar mesmo após a subida do gasóleo

ABRIL COM A TAXA MAIS BAIXA DOS ÚLTIMOS 23 MESES

Era esperado que a subida do preço do gasóleo registada em Março se reflectisse na taxa de inflação em Abril. Mas a subida dos preços abrandou 0,04 pp, o que aumenta as já habituais desconfianças sobre os números do INE. A inflação homologa esta a cair há 9 meses e em Luanda já está abaixo da média nacional.

A inflação mensal a nível nacional voltou a desacelerar no mês de Abril, mesmo depois da subida do preço do litro de gasóleo que disparou 50% em Março. Segundo o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) de Abril do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação fixou-se em 1,34%, o que representa uma redução de 0,04 pontos percentuais face ao mês anterior. É a taxa mais baixa dos últimos 23 meses, ou seja, seria necessário recuar até Maio de 2023 para encontrar uma taxa mensal mais baixa do que a registada no mês de Abril deste ano, segundo cálculos do Expansão.

Também é o quarto mês consecutivo em que a taxa de inflação desacelera. Já a inflação homóloga, ou anual (que mede a variação de preços num determinado mês do ano face ao mesmo mês do ano anterior) está a desacelerar há nove meses consecutivos e passou de 23,85% em Março para 22,32% em Abril.

Mas o facto é que mesmo depois de o preço do gasóleo subir de 200 Kz para 300 Kz, a inflação mensal continua a cair, o que pressupõe que os combustíveis pesam muito pouco nos diversos sectores da economia, segundo os números do INE.

Olhando para os dados, fica patente que os outros sectores praticamente não sentiram, à data da realização do inquérito, os efeitos da subida do gasóleo, pelo que era expectável um efeito de segunda vaga sobre os preços no relatório sobre o mês de Abril, já que a subida dos preços do gasóleo acaba por afectar os custos da indústria, muita dela ainda dependente de geradores. Também se esperava que nas pescas vissem os preços crescer como consequência da subida do gasóleo, assim como os gastos das famílias com geradores.

Tal como entende o economista e director do centro de estudos da Universidade Lusíada de Angola (Cinvestec), Heitor Carvalho, a desaceleração da inflação mensal em Março e em Abril "foi completamente inesperada, sobretudo porque a subida do preço do gasóleo ocorreu em finais de Março".

"A primeira reacção a quente, tendo em conta o passado do INE, nomeadamente no cálculo da inflação de Outubro de 2019, Abril a Setembro de 2022 e Junho de 2023, seria: o INE calcula mal a inflação. Porém, observando alguns números de controlo que vamos recolhendo, parece que, desta vez, a inflação está mesmo a desacelerar", apontou.

Segundo Heitor de Carvalho, aparentemente os operadores de transporte já tinham acomodado este preço desde Abril do ano passado, quando a gasolina subiu para 300 Kz, e os taxistas aumentaram o preço da corrida para 200, independentemente do custo do gasóleo se ter mantido.

"O mesmo parece ter ocorrido em todo o sector dos transportes, ou seja, o preço do transporte de pessoas e bens pode ter, na generalidade dos casos, assumido um preço de todos os combustíveis a 300, desde Abril de 2024", explicou. Ainda, o economista entende que "seria conveniente que o INE não escondesse os dados que são de todos os cidadãos, que publicasse todo o detalhe dos dados apurados e todos os pesos usados no cálculo para que os analistas possam fazer o seu trabalho".

Curiosamente, a classe de transportes desacelera de 0,33% para 0,15% mensais entre Janeiro e Abril e caiu 1,68 pontos quando comparado com o mês de Março, "o que parece necessitar de nova e urgente aferição", segundo Heitor Carvalho.

Além dos transportes, as classes dos Hotéis, cafés e restaurantes (- 0,10 pontos percentuais), e Bens e serviços diversos (-0,03 pp) e Saúde (-0,01 pp) viram a subida dos preços abrandar face a Março, enquanto seis classes registaram aceleração dos preços: Comunicação, Bebidas alcoólicas e tabaco, Vestuário e calçado, Alimentação e bebidas não alcoólicas, Mobiliário e equipamento doméstico, e Lazer, recreação e cultura.

Já a Educação e a classe da Habitação, água, electricidade e combustíveis não registaram alterações. Isto porque o INE apenas considera aumentos de preços nesta classe no período que antecede o início das aulas, no caso da educação, e na outra classe, quando há alteração nos subsídios aos combustíveis, água e na electricidade.

Leia o artigo integral na edição 826 do Expansão, de Sexta-feira, dia 16 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo