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Angola

Soluções para o lixo na periferia da cidade continuam por implantar

APESAR DA PRESSÃO DO SURTO DE CÓLERA

O centro da cidade de Luanda apresenta um ambiente limpo, sem lixo. Na periferia a realidade é diferente, de que são exemplos os bairros da Boa Esperança e Golf 2, onde toneladas de lixo se amontoam, servindo de rastilho para o surto de cólera que continua a crescer na cidade.

O Expansão fez esta semana uma volta pormenorizada pela cidade de Luanda, no sentido de perceber o que está a ser feito face à recolha do lixo, num cenário em que o surto de cólera na capital continua a crescer. No centro o ambiente é de limpeza, sem lixo acumulado nas esquinas como acontecia em outros anos, apenas com pequenos focos junto a alguns contentores, que resultam também da acção das pessoas que buscam nestes locais alguns produtos para o seu próprio consumo. Na baixa da cidade a recolha tem sido feita de forma regular, até envolvendo mais meios neste período, de acordo com o foi dito á nossa reportagem.

Mas à medida que avançámos para a periferia, a realidade torna-se muito diferente. Estamos a falar de bairros onde não existe saneamento básico, onde as estradas secundárias estão muito mau estado e que em função das chuvas têm focos de retenção de água, ao que se junta a falta de locais para que a população possa despejar o lixo. A solução passa por amontoar os resíduos na rua, o que dá um aspecto francamente desolador, agravado pela falta de abastecimento de água que em vários pontos da cidade, que se mantém já a algumas semanas.

Os bairros da Boa Esperança, no município de Cacuaco, e Golf 2 (sector 18, chibai), no município do Kilamba Kiaxi, são exemplos desta grave situação de acumulação de lixo. O surto de cólera, que começou em Boa Esperança, tem- -se alastrado rapidamente, porque as questões de saneamento nesta zona estão muito longe de serem satisfatórias. Em ambas as áreas, a ausência de opções de lazer, leva as crianças a brincar ao redor dos montes de lixo, expondo-as a sérios riscos de saúde. "Aqui na periferia, o caminhão do lixo não passa, somos obrigados a deitar o lixo no chão", refere Joaquim Pedro, morador do Golf 2, que lamenta do cheiro que o lixo produz. Nos principais mercados à volta da capital, como o Expansão noticiou a semana passada, a situação também não é melhor

Não sendo este um problema novo, ganha agora contornos mais mediáticos pelo surto de cólera que está instalado no País, com especial incidência na capital. Mas esta é uma situação que causa há anos grandes preocupações aos especialistas de saúde pública, que alertaram ao longo deste tempo para a possibilidade destes surtos, nomeadamente de cólera e malária. "A má gestão do lixo contribui para a proliferação de doenças, especialmente em áreas com esgoto a céu aberto e água parada. Estes problemas ocorrem com maior frequência quando o lixo não é gerido adequadamente"", explica o Dr. Jeremias Agostinho.

De acordo com o mesmo, a situação actual reforça a necessidade de uma abordagem mais equilibrada e inclusiva na gestão de resíduos em Luanda. É crucial garantir que todas as áreas da província, e idealmente de todo o País, recebam o mesmo nível de cuidado e atenção. Isto tem a ver com os meios disponibilizados, o controlo da actividade das empresas de recolha, com os pagamentos atempados, a exigência do aumento de número de contentores, mas também pela realização regular de acções de sensibilização junto da população, pois existe a necessidade de educar as pessoas sobre os cuidados e os comportamentos a ter.

A implementação de medidas eficazes é urgente para resolver o problema e melhorar a qualidade de vida dos moradores das áreas periféricas. Enquanto o centro da cidade recebe atenção constante e maior orçamento para a limpeza pública, as periferias continuam a enfrentar um enorme desafio sanitário. Organizações comunitárias e ONGs têm-se mobilizado para complementar os esforços governamentais, promovendo campanhas de consciencialização e de limpeza.

Leia o artigo integral na edição 810 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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